Kaio Felipe:
Kaio é uma pessoa, no mínimo, estranha. Ele é otimista e pessimista ao mesmo tempo. Usa da auto-crítica para expor momentos de desespero e também para fingir que é humilde. O cara é um poço de arrogância e megalomania. Kaio é obcecado por rock. Joy Division, Beatles, The Cure, Velvet Underground, Depeche Mode, New Order, Pink Floyd, My Bloody Valentine e Suicide são algumas de suas bandas favoritas. Ele também é apaixonado por literatura e filosofia, e seus escritores favoritos são George Orwell, Dostoiévski, Nietzsche, Schopenhauer, Rimbaud, Edgar Allan Poe, Álvares de Azevedo e Goethe. O rapaz é obcecado por relacionar canções a momentos de sua vida - "A Forest" é freudiana quando relacionada à desilusão amorosa que ele teve na pré-adolescência. "Metal contra as nuvens" é uma boa lembrança para ele de seus 12, 13 anos de idade. "Isolation" seria um reflexo do Kaio anti-social que foi se construindo com o tempo. E "I am the Walrus" é uma síntese da egomania dele. Ah, outra coisa importantíssima sobre ele - Kaio adora falar em 3ª pessoa...

E-mail: lostforest80@gmail.com

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Sejam bem-vindos a uma exibição de atrocidades. Esse é o caminho - basta que vocês entrem.

29 julho 2006

Esperança triste? Melancolia otimista?

Uma atmosfera de dúvidas

"Atmosphere" é, de qualquer maneira, a música mais dúbia do Joy Division, para mim. Jamais saberei se ela é triste ou não. Sei lá, é quase unanimidade entre os fãs que ela, ao lado de The Eternal e Decades, é a música mais depressiva do JD, mas eu não sinto isso quando a ouço (aliás, para mim, Passover é a mais 'down'). Sinto-me renovado após ouví-la. Em alguns trechos, creio que Ian disse algo do tipo "Sim, você é solitário, mas pode muito bem resolver esse problema, você conseguirá encontrar a sua razão. Não quero que você se perca como eu, ainda há chance de você se salvar".

Walk in silence
Don't walk away in silence
See the danger - always danger
Endless talking - life rebuilding
Don't walk away

Walk in silence
Don't turn away in silence
Your confusion - my illusion
Worn like a mask of self-hate
Confronts and then dies
Don't walk away

People like you find it easy
Naked to see - walking on air
Hunting by the rivers
Through the streets, every corner
Abandoned too soon
Set down with due care
Don't walk away - in silence
Don't walk away

27 julho 2006

Judy is a punk, Sheena is a punk rocker...

Falta pouco para que eu conclua a leitura do volume 1 de "Mate-me por favor" (Please Kill Me), livro cuja temática é a história do punk, através de relatos dos envolvidos com a cena.
No prólogo, a carreira dos pais de todo o rock alternativo pós-1967, o Velvet Underground, é relatada. Você fica sabendo que Nico era uma verdadeira (perdão pelo vocabulário) putona, Lou Reed era um andrógino bissexual, egomaníaco e brilhante, John Cale era o doidão experimental, Andy Warhol era um marqueteiro metido a vanguardista, e por aí vai.
Daí em diante, é só proto-punk e punk rock: Iggy Pop, MC5, New York Dolls, Patti Smith, Television, Ramones, Sex Pistols... mas a música não é o único protagonista - obviamente, sexo e drogas completam a trilogia, e "detalhes" não faltam. Groupies, orgias, "speed", heroína, overdoses e todo o tipo de excesso marcam presença maciça nas entrevistas.
Algumas passagens são chocantes, outras de deixar qualquer um enojado, e a maioria delas são simplesmente hilárias (por exemplo, quando Dennis Thompson, do MC5, respondeu às provocações do seu empresário John Sinclair: "Bem, John, você não passa de um hippie beatnik que foi preso duas vezes pelo mesmo tira com um bigode diferente. Ha, ha, ha.").
Outro fato notório é a vontade que o leitor passa, algo do tipo "Porra, eu queria estar lá com esses malas, sendo hedonista, revolucionando a sociedade e esbanjando loucura". Creio que, sem dúvidas, Jack Kerouac influenciou gerações e gerações com seu estilo de vida ora libertário / mochileiro, ora zen, provando que a vida era curta e deveria ser aproveitada. Claro que isso não vale para pseudo-intelectuais, pedantes e egomaníacos metidos a solitários como eu, mas, bem... hã, várias outras pessoas com (bem) mais atitude do que Kaio Felipe mudaram o mundo ao botarem na prática o que lhes desse na telha. "Eu não sei o que quero, mas sei como obtê-lo", diriam os Sex Pistols, "As crianças estão perdendo as suas mentes", segundo os Ramones", mas "As pessoas têm o poder", de acordo com Patti Smith.
Recomendo "Mate-me por favor" para todos aqueles que gostem de rock, cultura, comportamento social, história ou, enfim, queiram ler um livro divertido, interessante e viciante. São dois volumes (o segundo cobre o período 1976-1992, dos Sex Pistols ao Nirvana), cada um custando por volta de R$ 18,00. A editora é a L&PM Pocket, uma das minhas preferidas no ramo de livros de bolso.

P.S.: Mais detalhes do (s) livro (s) quando eu o (s) terminar.

26 julho 2006

Desatenção e Orgulho Ferido

Mais duas letras/poemas fraquinhos para vocês. A primeira tem um eu-lírico com dupla personalidade e um conflito entre elas, e a segunda eu escrevi depois que recebi meu boletim (mais detalhes em Racio Símio).

DESATENÇÃO

"Olhe apenas para seu ego
Quanto ao resto, você é cego
O seu umbigo é mais importante
Que toda essa gente ignorante"

Mesmo os que se importam com você
O seu egoísmo quer esquecer
No dia em que estiver sem ninguém
Sentirá a falta que eles fazem

Como alguém pode ser tão insensível?
Seria o mundo, ao seu ver, invisível?
Talvez você irá tudo compreender
No último dia do seu viver

Pare com essa desatenção
Tal pretensão será em vão

Consumido pela descrença
É um conservador sem esperança
Mesmo quando se dizia socialista
Era um burguês individualista

Distraído e muito cínico
Ignora qualquer dever cívico
Trancado em seu mundinho
Esmagando a todos no caminho

Seu coração é duro como pedra
Quem sabe nem uma paixão o quebra
Talvez você fuja para um montanha
E terá a solidão que tanto sonha

Pare com essa desatenção
Tal pretensão será em vão

ORGULHO FERIDO

Um plano fracassado
Algo deu muito errado
As idéias pedantes
Não dão certo como antes

Esmagado pelos números
Eles te destroem com parâmetros
Não aprendi a
E muito menos recomeçar

O perfeccionismo é extremo
Uma obsessão que eu temo
Destruir todo o prazer
Isso não me deixa viver

Arrebento mente e corpo
E nem preciso ficar louco
Para você ver meu desespero
Quando eu cometo um erro

Andando em círculos, sem parar
O nervosismo me impede de pensar
Meu orgulho não quer ser ferido
Nada pior do que não ter vencido

Exigo demais de mim mesmo
Aquele equívoco eu não esqueço
Na falta de uma real dor
A paranóia me despedaçou

22 julho 2006

Insight

Acabei de escrever essa música. Só uma informação - não é uma música sobre amor.

ESTONTEANTE

Como é cativante e excitante
Bela por dentro e por fora
Fantástica e sincera em tudo, embora
Seja só um sonho distante

Poderosa e de personalidade
Você é muito especial
E caso isso não soar mal,
Por favor, fique até mais tarde

Você é estonteante
Mas só existe em minha mente
Você é estonteante
Mas só existe em minha mente

Inteligente como nenhuma garota
Isso me faz bem
E é um prazer que poucos têm
O meu tédio você mata

Uma amizade incrível
Foi o que conseguimos construir
Não corro o risco de mentir
Se disser que sua pessoa é inigualável

Você é estonteante
Mas só existe em minha mente
Você é estonteante
Mas só existe em minha mente

Queria eu abstrair
E concretizar essa ilusão
Pessoas vêm, pessoa vão
E você é a única a me divertir

Não desistirei dessa esquizofrenia
Trata-se de um refúgio
Nesse mundo louco e frio
Nada melhor que uma mania

Você é estonteante
Mas só existe em minha mente
Você é estonteante
Mas só existe em minha mente

20 julho 2006

Top 10 - Melhores discos de Rock dos anos 90

1. OK Computer - Radiohead / 1997: não tem jeito, este é um disco irrepreensível, e o rótulo de "Dark Side of the Moon dos anos 90" não soa exagerado. Além do mais, todas as canções são incríveis, não há uma que se possa considerar a melhor.
2. Loveless - My Bloody Valentine / 1991: a obra-prima do shoegaze. Pode assustar na primeira audição com as guitarras distorcidas e os vocais etéreos, mas logo, logo ele te envolverá e você descobrirá a beleza de "Sometimes", "When You Sleep", "Only Shallow", "Soon", "Come In Alone", "What You Want"...
3. In Utero - Nirvana / 1993: o disco mais triste, denso e criativo de Kurt Cobain e companhia. Destaque para as maravilhosas "Frances Farmer Will Have Her Revenge On Seattle", "All Apologies", "Serve The Servants", "Heart-Shaped Box", "Pennyroyal Tea" e "Dumb".
4. Blur - Blur / 1997: o que dizer de um álbum que tem "Beetlebum", "Song 2", "On Your Own", "Chinese Bombs", "M.O.R.", "Country Sad Ballad Man", entre outras? O Blur estava no seu auge.
5. Definitely Maybe - Oasis / 1994: logo em sua estréia, o Oasis fez um CD inesquecível. Sinta a vibração da Inglaterra noventista com clássicos como "Married With Children", "Rock N' Roll Star", "Live Forever", "Supersonic" e "Cigarettes And Alcohol".
6. Nevermind - Nirvana / 1991: o que dizer do álbum que tornou o rock alternativo americano mais acessível para as massas? A história do Rock foi marcada por pérolas como "Smells Like Teen Spirit", "In Bloom", "Come As You Are", "Lithium", "Drain You" e "Lounge Act".
7. Crooked Rain, Crooked Rain - Pavement / 1994: um dos discos mais cool dos anos 90, e amado pelos indies de plantão. "Unfair", "Stop Breathin", "Range Life", "Elevate Me Later" e o quase-hit "Cut Your Hair" são as cinco melhores.
8. Bossanova - Pixies / 1990: os "duendes" eram tão geniais que Bossanova, mesmo não sendo o melhor disco deles, é um LP magnífico. A maturidade musical dos Pixies fica evidente em faixas como "Dig For Fire", "Ana", "Is She Weird", "Velouria" e "Allison".
9. Achtung Baby - U2 / 1991: Eles mudaram a sonoridade nos anos 90, mas continuaram excelentes. Ouça "One", "Who's Gonna Ride Your Wild Horses", "Mysterious Ways", "The Fly" e "Even Better Than The Real Thing" e você me entenderá.
10. Dirty - Sonic Youth / 1992: os "jazzistas fracassados" fazem a sua obra-prima em uma conciliação perfeita de experimentalismo com melodias deliciosamente grudentas. Os maiores êxitos de Dirty são "Sugar Kane", "100%", "Swimsuit Issue", "Drunken Butterfly" e "Youth Against Fascism".

Menções honrosas a (What's The Story) Morning Glory? - Oasis / 1995; Parklife - Blur / 1994; Automatic For People - R.E.M / 1992; V - Legião Urbana / 1991; e Souvlaki - Slowdive / 1993.

17 julho 2006

Nova letra

Mais uma vez, peço para que vocês também visitem o Racio Símio. =)
A letra de hoje, creio eu, combina com uma batida meio eletrônica.

RESIGNADO

Uma oportunidade surgiu
Para que se possa mudar
É hora de tentar
Conseguir o que não se conseguiu

Em meio àquilo tudo
Houve alguma diversão
Mas a verdadeira emoção
Surgiu de um jeito absurdo

Conversa e afinidade
Ocorreram naturalmente
E em uma mente
Aquilo foi mais que amizade

Esquecer não adianta
Isso é intenso
Um sentimento denso
E um nó na garganta

Resignado... (x4)

A rotina alterada
O coração dilaçerado
Faltava um substantivo abstrato
Para essa vida desregrada

Não há reciprocidade
Mas continua insistindo
E as todos mentindo
Que é só coisa da idade

O controle perdido
O destino foi traçado
E o indivíduo desarmado
Agora corre perigo

Desilusão inevitável
A pessoa está se perdendo
Mesmo tudo esquecendo
Virou um carneiro afável

Resignado...

16 julho 2006

Changes

Agora é para valer.
- Minha vida + política + filosofia + literatura + TV + banalidades em geral = Racio Símio
- Música (seja em termos gerais ou especificamente meu projeto musical) = Sofisma Burlesco

Eu sei que minhas letras ainda não são boas, até porque parece que eu só sei escrever poemas tristes, deprês e excessivamente diretos ao ponto (e isso não condiz comigo). Quero tentar desenvolver um novo estilo de compor. Vamos começar pelo de hoje. Provavelmente, a pior letra que eu já fiz:

POR TRÁS

Belo trabalho de sopro, continue assim
É uma gentileza que todo mundo quer
Faça desse um momento sem fim
Ou então vá fundo, do jeito que puder
Por trás de tudo há um segredo

Uma brincadeira bem interessante esta
Até parece uma salada de frutas
Afinal, se é isso que nos resta
Vamos nos divertir pelas grutas
Por trás de tudo há um segredo

A bela criança está com seu picolé
E decide com um amigo compartilhá-lo
Tão doce essa juventude é
Sempre consegue achar um atalho
Por trás de tudo há um segredo

Você não sabe que roupa vestir
Nem por onde começar
Por que não pára de mentir
E não começa a comigo dançar?
Por trás de tudo há um segredo

Talvez seja apenas uma sutileza
Ou uma posição malfadada
No banco do carro está sua riqueza
Embora haja apenas uma garota desanimada
Por trás de tudo... há um segredo.

14 julho 2006

I'm bored

Nem as coletâneas do Talking Heads e Iggy Pop, as ótimas conversas que tive com alguns contatos no MSN ou a chance de assistir aos meus seriados preferidos da Sony na hora que eu quiser (e comendo pipoca!) me salvaram do inevitável tédio das férias.
Isso, no entanto, não me desanima a continuar nessa vidinha regada a PC e TV...
Hoje - aliás, daqui a meia hora - vai passar a reprise de 24 Hour Party People: A Festa Nunca Termina, um ótimo filme sobre a cena musical de Manchester entre 1976 e 1992, protagonizada por Tony Wilson, dono da gravadora indie Factory e da boate Hacienda.
Se você não leu minha resenha sobre o filme, clique aqui.

13 julho 2006

Rock and Roll day

Hoje é considerado o Dia Mundial do Rock, pois, há 52 anos, um tal de Elvis Presley (!) gravou "Heartbreak Hotel", que é considerada a primeira canção a ter um ritmo que possa ser caracterizado como rock and roll.
Vou aproveitar o post de hoje para falar sobre o que o Rock já produziu em suas cinco décadas e meia de existência.
Anos 50 - o início de tudo. A "juventude transviada" dá seus primeiros passos, e revela grandes artistas como Chuck Berry, Buddy Holly e, claro, o rei Elvis Presley em sua melhor fase. Ainda vemos aqui uma grande associação com o blues, o country e o rockabilly.
Anos 60 - Foi a década mais importante do Rock, sem dúvidas, pois foi nela que surgiram praticamente todos os caras influentes, sendo que o legado de vários deles pode ser notado até hoje. Os Rolling Stones e o Who, cada um à sua maneira, representavam o lado mais "bad boy" do britrock. O Kinks, o Animals e o Yardbirds também participaram do movimento chamado 'british invasion', sendo que esse último contava com um dos futuros membros do Led Zeppelin, o guitarrista Jimmy Page.
No underground, surgiu o rock progressivo, através de bandas como o Pink Floyd e o Yes, e também a 'trinca sagrada do rock alternativo' - Lou Reed (líder do art-rock do Velvet Underground), David Bowie (o camaleão, que começou fazendo space rock) e Iggy Pop (vovô do punk). Ainda tínhamos outra trilogia, só que a dos junkies mortos aos 27 anos: Jimi Hendrix, Janis Joplin e Jim Morrison (The Doors). Também tivemos nessa década a genialidade e lirismo dos Beach Boys e de Bob Dylan. Em 1968, surgiu a mais importante banda de rock brasileiro - Os Mutantes.
E, acima de tudo e todos, os deuses antropomórficos - os Beatles, que, com seus 13 (ótimos) discos, passearam por praticamente todas as tendências musicais dos anos 1960 - do-it-yourself, 'pop perfeito', folk, indiano, psicodélico, progressivo, hard rock, experimental, proto-punk, reggae, e por aí vai.
Anos 70 - ao contrário da década anterior, marcada pelo coletivismo e as utopias (como os hippies), os '70s têm como forte características o individualismo (a própria separação dos Beatles é uma prova disso) e os 'oligopólios musicais' - não é exagero dizer que David Bowie, Led Zeppelin e Pink Floyd reinaram absolutos entre 1971 e 1977, e seus estilos (glam, hard rock / metal e progressivo, respectivamente) dominaram o Rock da época. Outros que tiveram importância foram Queen, Black Sabbath, Deep Purple, Eagles e Fleetwood Mac. Em terras tupiniquins, os Secos e Molhados e Raul Seixas foram os maiores expoentes.
Mesmo assim, parecia que a espontaneidade havia desaparecido do estilo. Parecia, até que houve a ruptura - o movimento punk, que foi engatinhando até explodir em 77, com a anarquia do Sex Pistols, a politização do Clash e a simplicidade dos Ramones. Daí pra frente, só surgiram bandas de peso, que desencadeariam em dois movimentos similares, mas com pequenas diferenças - a new wave, que era mais acessível, e o post-punk, o qual era mais, digamos, alternativo. Da primeira, tivemos Talking Heads, Blondie e The Police surgindo ainda nos anos 70; do segundo, a década foi encerrada com os primeiros singles do Cure, a fundação do Echo and the Bunnymen, os solos de guitarra improvisados dos americanos do Television e o álbum de estréia do Joy Division.
Anos 80 - O post-punk seguiu firme e forte no início dessa década. O Joy Division, antes da morte de Ian Curtis em 18/5/1980, ainda lançou compactos como "Love Will Tear Us Apart" e o disco Closer; com suas melodias densas, letras melancólicas, bateria quase militar e baixo à frente da guitarra, o grupo influenciou várias bandas. The Cure alternou-se entre as mais diversas sonoridades - o soturno (80 a 82), o electro pop (83), o psicodélico (84), o pop alternativo (85 a 88) e o rock deprimido (89). Siouxsie and the Banshees, Bauhaus e Sisters of Mercy foram a faceta gótica do post-punk. Enquanto isso, na new wave, o New Order iniciou a conexão do rock com a eletrônica, e foram contemporâneos ao Depeche Mode, Duran Duran, Tears for Fears, Eurythmics, etc.
Com forte influência dos anos 70 (notoriamente do Led Zeppelin, do Deep Purple e do Black Sabbath), o heavy metal explodiu, e seus principais nomes foram Metallica, Judas Priest e Iron Maiden. O hard rock teve anos de glória, inicialmente com AC/DC, Van Halen e Aerosmith, e anos depois com Guns n' Roses, Bon Jovi e Poison.
Nós, brasileiros, tivemos nos anos 80 o auge de nosso Rock, graças a conjuntos como Titãs, Legião Urbana, Ira!, Barão Vermelho, RPM, Paralamas do Sucesso, Ultraje a Rigor, Violeta de Outono, entre outros.
O U2 conciliou política, amor e religião e construiu uma sólida carreira. Os Smiths expressaram com muito lirismo a angústia da juventude oitentista. Nos EUA, tivemos o hardcore como um punk mais agressivo (principal nome - Dead Kennedys), e o indie rock, com bandas que trabalhavam em gravadoras independentes e faziam uma sonoridade bem diferente daquilo que se ouvia nas rádios. Os três maiores nomes foram Pixies, Sonic Youth e R.E.M; as três, assim como os britânicos do Stone Roses, deram uma demonstração do que seria feito nos...
Anos 90 - No Reino Unido, o shoegaze, cheio de guitarras distorcidas, vocais etéreos e canções atmosféricas, teve como precursores duas bandas dos anos 80 (Jesus and Mary Chain e Cocteau Twins), mas seus maiores nomes foram Slowdive e My Bloody Valentine. O Primal Scream e o Happy Mondays, com seu rock dançante, fizeram a transição das décadas na capital mundial do Rock entre 79 e 91, Manchester. Este posto passou a uma cidade americana, Seattle, com a explosão do grunge, que provou que o rock feito nos EUA estava mais melancólico do que nunca, talvez pela desilusão com a geração sem causa que se construía, fato comprovado pelas letras e melodias do 'rock de garagem', capiteneado pelo Nirvana, mas tendo outros grandes conjuntos, como Pearl Jam, Soundgarden e Alice in Chains. Os alternativos ianques também fizeram bonito, com bandas como Pavement, Smashing Pumpkins e Weezer.
Em 1994, a cena muda radicalmente, com o suicídio (?) de Kurt Cobain e a ascensão do britpop, que teve seu auge com a rivalidade entre duas bandas geniais, Blur e Oasis; foi nessa época também que o Radiohead evoluiu musicalmente e lançou um dos melhores discos da década, OK Computer. Placebo, The Verve e Supergrass também fizeram sucesso.
O rock ficou mais comercial na segunda metade dos anos 90, com o new metal (Linkin Park, Korn, Limp Bizkit) e o pop-punk (Green Day, Offspring, blink-182); contudo, bandas importantes como U2, R.E.M. e Red Hot Chili Peppers estavam no seu auge.
Enquanto isso, na selva, digo, no Brasil, poucos se destacaram - talvez Skank, Mamonas Assassinas e Pato Fu. O pop e o axé predominaram nas rádios.
Anos 00 - essa, sim, parece ser uma década perdida. A globalização musical ficou ainda mais acentuada, e nos faz ter centenas de roqueiros bem diferentes nas paradas - de Strokes a Evanescense, de System of a Down a Coldplay, de White Stripes a Good Charlotte, de Muse a Simple Plan, de Charlie Brown Jr. a Los Hermanos, etc.
O que acontece, no entanto, é que não há uma banda fantástica, que seja realmente grandiosa. Sobrou em quantidade, faltou em qualidade. Há som para todos os gostos, mas ainda não surgiu a banda que alguém possa realmente dizer que é "a banda da década". A minha maior aposta é no Franz Ferdinand, que mesclam várias boas influências, e seus dois primeiros discos são ótimos; realmente espero que eles continuem com um bom trabalho no terceiro álbum.
O Rock ainda não morreu, mas está em coma. Não precisa de salvadores, mas sim de alguém que saiba fazer algo consistente, criativo e marcante. E eu ainda não vi isso nessa década.

Edit: Será que o mundo do Rock, assim como no início dos anos 90, terá a tão desejada renovação através dos indies? Eu não duvido nada, mas é preciso que eles deixem a arrogância um pouquinho de lado e comecem a tocar música de verdade, hehe...

11 julho 2006

Shine On You Crazy Diamond!

1. Nota fúnebre - faleceu Syd Barrett (1946-2006), um dos fundadores da maior banda de Rock Progressivo do século XX, o Pink Floyd. Ele foi um gênio da música contemporânea, e suas composições eram recheadas de letras viajantes e uma atmosfera sonora única. O primeiro disco da banda prova isso, com canções como "Astronomy Domine", "Bike" e "Interstellar Overdrive". Ele também teve alguma participação no álbum seguinte, Saucerful of Secrets, compondo "Jugband Blues" e tocando em "See Saw" e "Remember a Day". Seus problemas com as drogas acabaram o levando à ruína, e ele teve de sair da banda. Waters disse certa vez que "seria impossível o Pink Floyd começar sem ele, mas também seria impossível continuar com ele".
Após esse ocorrido, o Pink Floyd mergulhou em um período de instabilidade, mas pôde concretizar a sua fase Space Rock (70-73) com grande êxito, com os LPs Atom Heart Mother, Meddle e a obra-prima Dark Side of the Moon (aliás, este tem na música "Brain Damage" uma referência bem sutil a Syd, no verso "The lunatic is on the grass"). A banda lançou, em 1975, Wish You Were Here, um dos seus melhores álbuns, e uma verdadeira homenagem ao ex-líder do Pink Floyd, explícita em "Shine On You Crazy Diamond" e na faixa-título
. Há também quem diga que o personagem criado em The Wall, caracterizado pela fama insustentável e o isolamento, seja uma mistura de Roger Waters com o próprio 'diamante louco'.
Syd Barrett entrou em uma viagem sem volta com o LSD. Tanto que sua loucura chegou a um estágio insustentável, e ele teve de passar as últimas três décadas de sua vida morando com a mãe, na completa reclusão, e se dedicando apenas à jardinagem e a assistir televisão. Sua ascensão e queda viraram uma das maiores lendas do Rock. É inegável a importância dele para o underground do final da década de 1960. David Bowie e Marc Bolan são alguns dos confessos influenciados.
Segundo a imprensa, a diabetes é o provável motivo da morte de Syd, mas nada está confirmado até agora. Só nos resta agora dizer adeus a esse grande músico...

2. Promessa é dívida, e hoje de manhã eu assisti ao filme Trainspotting.
Gostei muito do que vi. As atuações foram fantásticas, destacando-se a de Ewan McGregor (não por acaso, foi Trainspotting que o "revelou"). O roteiro é bem escrito e bem executado. O enredo é um forte retrato da decadência da juventude dos anos 90, que deixa explícito que não querem ter objetivos de vida e não têm a intenção se preocupar com coisas rotineiras. "Faça suas escolhas, mas para quê optar?", como diz o leading do DVD. A heroína acaba sendo a solução para todos os problemas - depressão, desilusão, dor, fracassos amorosos, tédio...
Renton (McGregor) está disposto a abandonar o vício, mas encontrará vários obstáculos em seu caminho. Também são retratadas as suas relações com a família (seus pais acham que ele não tem rumo, mas mesmo assim o amam) e amigos, como o oportunista Sick Boy (Jonny Lee Miller), o temperamental Begbie (Robert Carlyle), o atrapalhado Spud (Ewen Bremner) e sua namorada menor de idade, Diane (Kelly MacDonald).
Trainspotting relata bem as sensações do usuário de heroína, mas não tenta ser verossimilhante quanto às chances de recuperação do viciado em algumas passagens; talvez ele tente passar uma idéia de que é fácil largar as drogas, ou faça uma ironia e sátira à realidade - creio eu que seja a segunda opção.
A trilha sonora é um dos maiores destaques, sempre com a música certa na hora certa. "Lust For Life" (Iggy Pop), "Sing" (Blur), "Trainspotting" (Primal Scream), "Temptation" (New Order) e "Perfect Day" (Lou Reed) são algumas das que tocam no filme.
Recomendo bastante o filme. Só uma ressalva - tenha estômago para algumas cenas...

10 julho 2006

Everything in its right place

1. Nova banda para se viciar - Radiohead. Conheço e admiro o som deles há um bom tempo (quase 2 anos), mas notei que nunca tive uma "semana de obsessão" por eles. Já tive uma (ou mais) para várias bandas, como Beatles, Joy Division, The Cure, Muse, Titãs, Stone Roses, Oasis, Pixies, My Bloody Valentine, entre tantas outras. Agora, é a vez de Thom Yorke e companhia serem a minha escolha. Para isso, nesse exato momento, estou gravando um CD duplo com o melhor do Radiohead. Ah, meu top 5 de favoritas deles é formado por "Fake Plastic Trees", "Vegetable", "Exit Music (For A Film)", "2 + 2 = 5" e "Karma Police".

2. Poema que eu escrevi ontem à noite, após um péssimo encontro com ex-colegas de 8ª série, no qual ficou comprovado que minhas tentativas de ser mais sociável são um fracasso atrás do outro (ah, fiz referência a um verso de "Coffee and TV", do Blur no poema. Se alguém achar, me avisa nos comentários, hehe):

VOLUNTARIAMENTE

Cansada, a minha mente
Quer repousar eternamente
Eis um réquiem da hipocrisia
Para celebrar a vida vazia

Situação insustentável
Decisão irrevogável
Para aqueles que excluem
Achando que incluem

Noites sem dormir
Palavras a repetir
Não chega a ser grave
Mas não deixa de ser um entrave

Sociabilização é complicado
Sempre algo dá errado
Tentativas em vão
De sair da isolação

Todos agem igual
Como se fosse regra proporcional
Risadas tão deploráveis
E conselhos tão ignoráveis

O solitário é sempre o vilão
Segundo os outros, sem emoção
Embora prefira se enclausurar
Que aos amigos enganar

Só... sozinho... sem destino
Caminho... perdido... para sempre
Só... sozinho... sem destino
Caminho... perdido... para sempre


Pouco resta a falar
Sequer uma negligência salutar
Eremita, mas voluntário
Antes isso que um otário

3. O Materazzi foi o protagonista daquela final. Cometeu penalidade inexistente, fez o gol da Itália, provocou o Zidane de uma maneira que deixou o franco-argelino descontrolado e foi um dos que converteu os 5 penais da Azzurra. Não foi o melhor em campo (Pirlo, Malouda, Ribery e Cannavaro foram os destaques), mas teve papel decisivo, para bem e para mal.

4. Amanhã eu quero assistir Trainspotting. Comprei o filme semana passada e até hoje não assisti... minhas tentativas de gostar mais de cinema vêm sendo um fiasco total. Realmente, eu não sirvo para cinéfilo, nem quando tenho um bom filme em mãos. =(

09 julho 2006

L'Italia è il campione della tazza del mondo!

Eu avisei, eu avisei...
A Itália é tetracampeã da Copa do Mundo!
A Azzurra termina o Mundial como a segunda melhor defesa (2 gols sofridos) e como o segundo melhor ataque (12 gols marcados). Cinco vitórias e dois empates. Um esquema tático eficiente. Muita garra, raça e força. Um elenco sem grandes estrelas, mas recheado de jogadores esforçados.
Os franceses fizeram uma Copa irregular. A primeira fase foi péssima - empates contra Suíça e Coréia do Sul, e uma vitória nada surpreendente contra Togo. Nas oitavas, cresceram contra a Espanha, e fizeram 3x1. Na fase seguinte, enfrentaram o Brasil, que jogou muito mal e não resistiu a uma "goleada de 1 a 0". O semifinalista Portugal até lutou mais que os brasileiros, mas a clara limitação técnica os impediu de vencerem. Na grande final, a França tentou impor seu estilo de jogo e, durante o 2º tempo regulamentar e em toda a prorrogação, foi até melhor que os italianos. Ela poderia até ter vencido. Poderia. Faltou algo - eficiência. Ela não soube aproveitar as chances que teve quando era superior em campo.
A Itália não jogou tão bem como contra a Alemanha, é verdade. Mesmo assim, não se rendeu, independente do cansaço físico inevitável. Não se arriscou tanto quanto deveria, mas teve a coragem de segurar o jogo para uma inevitável decisão de pênaltis, o que seria tentar quebrar um karma de 3 derrotas seguidas em copas nas penalidades (1990 na semi para os argentinos, 1994 na final para os brasileiros e 1998 nas quartas-de-final, justamente para os franceses).
Buffon fez defesas salvadoras, Pirlo jogou bem, Materazzi se redimiu do pênalti (que foi inexistente) com um belo gol de cabeça, Cannavaro segurou o ataque (?) da França, Toni quase virou o jogo, etc.
O jogo foi tenso, nervoso, emocionante. Não foi o melhor jogo da Copa, mas deixou qualquer cardíaco à beira da morte.
Zidane manchou uma carreira brilhante com uma atitude vergonhosa, ao dar uma cabeçada em Materazzi. Não há desculpas para um ato tão ridículo quanto esse.
Nos pênaltis, a Itália acertou os cinco. Trezeguet errou o segundo da França. 5 a 3. Itália tetra. E Kaio feliz.

Forza, Azzurra!

O jogo da Itália começa daqui a 10 minutos. E eu ficaria muito feliz em ver minha seleção favorita vencendo. Bem, espero que a garra, a raça e a aplicação tática típica dos italianos funcionem contra os Bleus de Zidane, Thuram e cia.

07 julho 2006

Sad poetry

Não consigo entender algo - parece que só se consegue escrever poesia quando se está triste. Agora sim, eu consigo entender os caras do Ultra-romantismo e de outras correntes literárias mais deprês.
Bem, não entendam que eu realmente sou o que dizem os poemas. Eles refletem apenas curtos momentos de infelicidade que eu tive, e que foram encerrados justamente escrevendo-os. Bem, sem mais conversa fiada, aqui estão os textos:

TEMPLO MACULADO

Salas iluminadas, janelas abertas
Começou o ritual
Música calma, cosmos tranqüilos
Levando-se pelo emocional

Pessoas que acreditam no metafísico
Suas almas entregam
Alguns com razão, outros sem noção
E a tristeza renegam

É mais um dia no templo
Buscando a verdade
Santos, espíritos, karmas e anjos
E acreditam na divindade

Luzes invadiram os corredores
Um adeus à escuridão
Querem se esclarecer, não querem mais dor
Talvez mesmo uma redenção

Em uma postura fria e blasè
Chegaram os profanos
Eles sõ vão por vir, qual o motivo?
Serão eles insanos?

Acham que são depressivos e desiludidos
Se vêem como solitários
Querem limpar suas consciências
Ou voltarão para seus armários?

Acreditam estar maculando a tudo
Ateus em território inimigo
O que fazem lá? O que desejam lá?
Entender eu não consigo

Não farão uma confissão, nem querem perdão
Tudo que ambicionam é o nada
Um niilismo sinistro, uma fé distorcida
Só estão fugindo da espada

No fundo, eles não se arrependem
Não querem ser póstumos
Invejam esse tolos tão religiosos
Pois serão eles os próximos...

UMA DESCRIÇÃO

A flor se desabrochou
O sentimento se degenerou
Os olhos ficaram sem brilho
E o rosto, sombrio

Há apenas indiferença
Crê-se na descrença
Ser este tão podre
Não restou nada de nobre

Você não chora
Nem se desespera
Apenas fica parado
Completamente desanimado

Esqueça o prazer
Ele abandonou você
Saudações à dor
Insípida e incolor

Dominado pelo silêncio
Parado e em descenso
Agora está isolado
E, de fato, desamparado

Sem nenhuma vontade
Fora da realidade
Pesadelos e temores
Um show de horrores

Ignora o fácil
E prefira o volátil
Cabisbaixo, tão profundo
Com o cérebro imundo

Vá além, bem além
E sem ninguém
Criatura alguma te quer
Haja o que houver

Adeus ao bom humor
E também ao amor
Insensatez e ilusão
Guiarão o seu coração

A descrição acaba aqui
A porta é logo ali
Nem pense em tentar
Esse momento não lembrar

05 julho 2006

Mamma Mia!

1. Que saudades do tempo que eu jogava Mario... acho que vou baixar um emulador e ter um digno 'momento nostálgico'. Eu adorava os games com o bigodudo, mas sempre fui muito ruim, em parte por minha coordenação motora péssima, em parte porque eu não tenho habilidade para jogos de ação/plataforma.

2. Hoje eu vou gravar duas coletâneas que esqueci (!) de citar ontem - o 'remake' da minha do Cure (os 2 CDs que representaram, respectivamente, os períodos 1978-1982 e 1982-1989 ficaram sem algumas músicas que eu gosto) e uma em 1 CD do Iggy Pop.

3. O You Tube está recheado de coisas bacanas. Estou encontrando vários clipes de bandas que eu gosto e vídeos hilários sobre os mais diversos assuntos - Hope Is Emo, clipes engraçados, H
ow To BeEmo, dois programas 'Roda Viva' nos quais tivemos Orestes brigando com os jornalistas e Brizola armando barraco, I Must Be Emo, Silvio Santos na campanha presidencial de 1989 e... emos. Poxa, o ódio aos caras chegou ao limite de, tanto no Brasil (país dos emos serelepes) quanto nos EUA (pátria dos emos 'deprês'), foram produzidos curtas hilários ridicularizando os fãs do emocore, sempre estereotipados como pseudo-sofridos, excessivamente sentimentais, com péssimo gosto musical, posers, de sexualidade propositalmente dúbia (ou, como diria o about me do orkut, 'bi-curious') e um visual bem estranho.
Não vou dizer que não tenho lá um preconceito com essa tribo, mas acho que algumas pessoas estão exagerando nesse ódio, ao ponto de rotular qualquer roqueiro que tenha um som mais meloso e semi-rápido (sim, "vocais gritadinhos, guitarras furiosinhas, bateria aceleradinha" =D) como emo, o que vem atingindo, ironicamente, uns dos maiores inimigos do emocore (vide as declarações agressivas do líder do Killers): eles, os indies! Exemplos? Death Cab for Cutie, Cursive, Bright Eyes, Jimmy Eat World, At the Drive-In, etc. Isso só levando em conta as semelhança também na sonoridade e ignorando completamente os críticos mais exagerados, que julgam Franz Ferdinand e Green Day só pelo visual e não pela música (muito boa, por sinal)... putz.

4. A Itália confirmou minha fama de pé-quente. Podem perguntar pros meus familiares e todos dirão a mesma coisa - em 1994 e 2002, eu torci pelo Brasil e em 1998 queria a França na final (ganhando ou não). E agora, em 2006, a Azzurra eu já apontava como minha preferida desde o início da Copa. Ontem, ela fez sua melhor partida na Copa, e despachou a Alemanha por 2 a 0, com seus dois gols nos últimos 3 minutos de prorrogação, após tentar várias vezes o gol no tempo extra. O esquema tática foi perfeito, e provou que, além de tudo, é flexível - os italianos souberam jogar bem na retranca do 4-5-1 e na ofensividade do 4-2-1-3, tendo uma posse de bola bem maior que a alemã e criando chances mesmo nos momentos mais monótonos da partida (o 2º período do tempo normal). Que venha Portugal ou França, os italianos estão preparados. Podem até perder, mas o farão com raça e garra, ao contrário de certas seleções... hahahaha.

04 julho 2006

In between days

Ó, como é triste constatar que o tédio das férias já conseguiu me dominar! Isso porque minhas aulas de inglês ainda nem acabaram - ainda tenho aula hoje e quinta-feira, nas quais haverão as avaliações.
Mesmo assim, já me sinto bem blasè, e o computador e a televisão consomem boa parte de meu tempo. Gostaria de sair com algum (a) amigo (a), ir a algum lugar, sair. Gostaria, embora não faça por onde, e fique, como sempre, mais idealizando do que realmente agindo. Eis meu velho empecilho.
Separei alguns livros para ler nessas férias - Os Vagabundos Iluminados, de Jack Kerouac (se for tão libertário e espontâneo quanto On The Road, vou gostar dele); A Controvérsia, de Jean-Claude Carrière (presente de aniversário de um amigo. É um romance filosófico ambientado na Espanha de 1550, cujo tema é se seria justo os colonizadores espanhóis subjugarem, escravizarem e matarem os índios do Novo Mundo); Alice no País das Maravilhas, de Lewis Carroll (sim, sou o único ser humano que ainda não o leu. E pretendo mudar isso); e Leviatã, de Thomas Hobbes (mesmo se eu não tiver paciência para lê-lo inteiro, tenho a intenção de pelo menos absorver as idéias centrais).
Na parte musical, já estou preparando várias coletâneas, algumas porque as anteriores estavam incompletas - caso de David Bowie (2 CDs), Sonic Youth (2 CDs), Muse (1 CD), Radiohead (2 CDs) e Os Mutantes (2 CDs) - e outras de bandas que eu ainda não tenho nenhum "best of" gravado - Jimi Hendrix (1 CD), Mogwai (2 CDs), R.E.M. (1 CD) e Belle and Sebastian (1 CD).
Também pretendo fazer umas pesquisas sobre Política, Eleições 2006 e coisas do gênero. Atualmente, me posiciono a favor do Cristovam Buarque, mas, ao que parece, o Geraldo Alckmin foi muito bem no Roda Viva. O meu objetivo em alguns posts de cunho político será fazer análises das propostas, atitudes e chances de cada candidato. O Lula é o grande favorito, mas isso não tornará a eleição monótona, como a de 1998 foi. Bem, pelo menos espero que não...
Meus devaneios psicológicos continuarão intensos, como sempre foram. Andarei em círculos várias vezes no meu quintal nos próximos dias, falando sozinho e filosofando. Espero ter algum "insight" para escrever mais letras.
O blog, como vocês perceberão, será mais atualizado que a média (1,1 a cada 2 dias). Nem preciso explicar o porquê, certo?
Pretendo assistir a vários filmes. Agora eu tenho tempo de sobra, e não há motivo para deixar de ir na locadora e alugar uma pilha de películas que eu tenho muito interesse em ver. Preciso explorar meu lado cinéfilo que está tão escondido, hehe...
Se houver algum evento de rock alternativo na cidade, também pretendo ir. O underground concentra várias pessoas legais, apesar das tribos posers, com punks, metaleiros e emos se achando o máximo.
...
Ei, espera. Criei várias opções de entretenimento para essas férias! Bem, vou até imprimir esse post para, no dia 25 (volta às aulas), eu não reclamar que não haviam opções...

02 julho 2006

Férias, nova letra e futebol

1. Enfim, entrei em recesso escolar. Aulas, só no dia 25. Como sempre, serão férias entediantes, com um ou outro momento legal, mas dessa vez há uma diferença - eu estou menos preguiçoso ao ponto de deixar de fazer algo interessante para preferir ficar o dia inteiro no PC e na TV...
2. Ah, sim, escrevi uma nova letra para o meu projeto-de-futura-banda-a-ser-montada, o Sofisma Burlesco. O Zagallo gostará de saber que essa é a minha 13ª letra:

PROBLEMAS IMAGINÁRIOS

Será que eu sou feliz
E não quero admitir?
Por que invento problemas
Dos quais nunca usufruí?

A vida, de certa maneira,
Parece tão excitante
Só que eu e minha chatice
Achamos tudo entediante

Sempre termino o dia
Pensando nos meus erros
Esqueço do que deu certo
E me lembro apenas dos medos

Perco minha paciência
Com muita facilidade
Prefiro a auto-crítica
Do que ir atrás de uma amizade

Problemas imaginários...

Pelo que nem aconteceu
Eu fico atormentado
Ao invés de ter paz
Prefiro estar consternado

Sou do tipo de pessoa
Que não se reinventa
O que liberta os outros
É o que me acorrenta

Pare! Quero entender
Por que complico tudo
E torno meras besteiras
Em algo tão absurdo

Eu não tenho motivos
Para ser assim
Que tal ser menos perfeccionista
E não pensar só em mim?

Problemas imaginários...

3. Portugal e Inglaterra fizeram um jogo bem equlibrado como eu já previa, mas não necessariamente emocionante. Nas cobranças de pênalti, quem fez a diferença foi Ricardo, goleiro português, que defendeu 3 e garantiu a classificação de seu país. A equipe de Felipão conseguiu chegar mais longe do que se esperava, mas eu tenho lá minhas dúvidas se apenas garra e auto-estima farão de uma seleção apenas razoável como a lusitana, campeã do mundo.
Eles farão a semifinal com a França, que dominou o Brasil, que conseguir ser ainda pior do que nas quatro partidas anteriores, provando para quem quisesse ver que o "futebol de resultados" das quatro primeiras partidas da seleção tupiniquim só funcionaria contra seleções fracas, mas não contra uma das potências do futebol mundial. A equipe não precisava fazer futebol-arte, mas apenas demonstrar disciplina tática como a Itália ou coletividade como a Alemanha, e não mais do que isso. O triunfo francês por 1 a 0 só não foi maior porque três jogadores se salvaram do fiasco geral - Dida, Lúcio e Juan.
Admito que torci o jogo inteiro pela vitória dos franceses, que jogaram com muito mais empenho do que nós. Corri risco de vida quando comemorei o gol de Henry em meio a dezenas de pessoas (assisti ao jogo com um pessoal), mas não me importei de ter aprovado quem jogou melhor, e não quem simplesmente ganhou.
4. Sobre a 'perda da única alegria do brasileiro': Um povo sem um mínimo de vontade política, capacidade de lutar pelos seus direitos, passividade, alienação e comodismo como o nosso não merece alegrias. Prefiro que os brasileiros (inclusive eu) continuem sofrendo com essa Copa do que comemorando uma vitória irreal, que não mudará o país, afinal futebol, por mais emoções que envolva, é só um esporte de massas.
Nosso povo não têm força sequer para exigir melhoras na qualidade de vida - basta que um populista como Lula monte programas assistencialistas que a grande maioria da classe baixa se conforme e vote nele novamente. Não há politização aqui, e muito menos gente interessada em fazê-la sem distorções. Somos um país sem futuro, e nem eu, nem você podemos realmente mudar isso. Somos mais uma "geração perdida", iludida por falsas promessas de melhora.
Assim que eu puder, vou embora do Brasil, não aguento viver em um país medíocre e incapaz de reagir perante os fracassos como o nosso (ao própria Copa nos mostrou isso - enquanto a torcida alemã continuou até o fim empolgada, e conseguiu dar ânimo para a equipe, a nossa permaneceu calada, e se limitou a xingar o Parreira, com a velha hipocrisia de que 'a culpa é sempre do técnico', e nunca dos jogadores ou dela própria, que superestimou e endeusou a equipe).

01 julho 2006

Qual o problema de buscar conhecimento?

Fiquei surpreso (negativamente) quando duas amigas minhas me disseram (uma há algum tempo, a outra nessa semana) que eu não aceito desconhecer algo, que sempre que alguém fala sobre algo que eu não conheço, eu vou logo atrás. Parece que as pessoas consideram isso "arrogância e desejo de sempre ser melhor do que os outros".
E eu não consigo entender o porquê dessa má interpretação.
Cara, qual o problema de ir atrás de filmes, livros e bandas que eu nunca vi/li/ouvi? Eu sempre tive grande interesse em aumentar meu leque cultural, de não ficar preso e limitado a algo específico. Talvez seja mesmo uma curiosidade, herança da minha infância. Por exemplo, eu ainda não assisti a vários filmes clássicos, mas qual o problema de eu achar que o deveria? Será que isso soa tão mal assim, aparentando que eu quero vê-los só por ver, e não porque tenho vontade e real interesse?
É mais um motivo para que eu não confie nas pessoas. De qualquer maneira, me consideram extremista. Se eu digo que detesto um artista e odeio festas ou comemorações babacas, me chamam de "mau-humorado", "anti-social" e "autoritário". Se eu demonstro vontade em ler um determinado livro ou passar a escutar uma determinada banda, eu sou "pretensioso", "não tenho uma meta" e "não aceito o fato de não conhecer algo".
Isso, no entanto, não me incomoda. Eu estou sempre aberto a novas idéias, mas sei manter minha mente fechada a algo que não me agrade. Por exemplo, ao mesmo tempo que acho ridículos os indies que adoram se passar por vanguardistas, também não vou deixar de ouvir uma banda grunge só porque "fãs de post-punk não gostam de grunge".
Espero ter sido claro nessas minhas considerações. Que os outros me entendam melhor para saberem que eu sou intransigente e transigente ao mesmo tempo, como qualquer ser humano dotado de criticismo.

Bem, voltando aos assuntos tradicionais:
1. A Itália me surpreendeu (positivamente) e demonstrou uma disciplina tática magnífica contra a Ucrânia, combinando defesa compacta, marcação cerrada e um ataque discreto, porém oportunista. Nas poucas chances que a equipe teve para marcar gols, não as desperdiçou, e aniquilou os ucranianos por 3 a 0. Toni desencantou, Totti jogou bem, Buffon salvou várias vezes, Zambrotta fez um dos gols... enfim, a Azzurra "cruel e sanguessuga" mostrou que pode muito bem ganhar a Copa.
Ela enfrentará nas semifinais os alemães, que bateram os argentinos nos pênaltis. Eu bem que torci para que os hermanos vencessem (ao contrário da grande maioria dos meus colegas e a velha hipocrisia da rivalidade Brasil x Argentina), mas o Pekerman fez burradas imperdoáveis nas substituições, o goleiro Abbondanzieri se contundiu e o reserva Franco, francamente
(perdão pelo trocadilho), era fraquinho, e o Sorín, na sua única falha no jogo, deixou tudo fácil para o Klose fazer o gol de empate. Para 'piorar', o Lehmann fez duas defesas na disputa de pênaltis, demonstrando muito sangue frio.
Hoje Inglaterra x Portugal farão uma partida bem equlibrada, e o Brasil terá de provar que realmente é a grande seleção desse Mundial contra a França, que vem tendo uma gradual evolução na Copa.
2. Terminei de ler Lolita no dia 28. A obra é fantástica. Nunca vi um livro com um protagonista tão cheio de idiossincrasias e auto-indulgência, inclusive sendo cínico ao admitir seus defeitos e crimes. Lolita é realmente a perfeita representante das ninfetas, com sua "inocência" e progressiva maculação durante o enredo. Nabokov abusou das descrições, que algumas vezes podem travar a leitura, mas são essenciais na criação da atmosfera, sempre explicitando o vouyerismo do pedófilo Humbert e as insinuações ora despretensiosas, ora intencionais da garotinha.
Minha parte preferida é justamente o diário que ele faz dos dias nos quais ficou na pensão de Charlotte, mãe de Lolita, e que por algum tempo foi sua esposa, quando ele começou a ficar completamente obcecado pela jovem.
Ele prova por A mais B que, no fundo, todos nós, coroas e ninfetinhas, homens e mulheres, somos uns pervertidos, por mais que vários consigam esconder isso com muito esforço (ou mesmo canalizar o desejo sexual em outras atividades, como esportes, videogames, música), embora a mente vá continuar suja... hahahahaha, Freud tinha lá alguma razão (por mais que Nabokov o ache um charlatão).