Kaio Felipe:
Kaio é uma pessoa, no mínimo, estranha. Ele é otimista e pessimista ao mesmo tempo. Usa da auto-crítica para expor momentos de desespero e também para fingir que é humilde. O cara é um poço de arrogância e megalomania. Kaio é obcecado por rock. Joy Division, Beatles, The Cure, Velvet Underground, Depeche Mode, New Order, Pink Floyd, My Bloody Valentine e Suicide são algumas de suas bandas favoritas. Ele também é apaixonado por literatura e filosofia, e seus escritores favoritos são George Orwell, Dostoiévski, Nietzsche, Schopenhauer, Rimbaud, Edgar Allan Poe, Álvares de Azevedo e Goethe. O rapaz é obcecado por relacionar canções a momentos de sua vida - "A Forest" é freudiana quando relacionada à desilusão amorosa que ele teve na pré-adolescência. "Metal contra as nuvens" é uma boa lembrança para ele de seus 12, 13 anos de idade. "Isolation" seria um reflexo do Kaio anti-social que foi se construindo com o tempo. E "I am the Walrus" é uma síntese da egomania dele. Ah, outra coisa importantíssima sobre ele - Kaio adora falar em 3ª pessoa...

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Sejam bem-vindos a uma exibição de atrocidades. Esse é o caminho - basta que vocês entrem.

26 setembro 2006

Everything counts...

Preparando coletâneas... os artistas com asterisco na frente são as "inéditas", ou seja, as que eu nunca gravei nada. As restantes receberão remakes de seus best of.
- Depeche Mode (1 cd)
- Bee Gees (1 cd)
- Ride* (1 cd)
- My Bloody Valentine (1 cd)
- I Love You But I've Chosen Darkness* + Rasputina* (1 cd)
- Miles Davis* (1 cd)
- Stone Roses (1 cd)
- Blur (2 cds)
- New Order (2 cds)
- The Cure (3 cds)
- Jimi Hendrix* (1 cd)
- Suicide* (1 cd)
- Los Hermanos (1 cd)
- Mutantes (2 cds)
- Pavement (1 cd)

19 setembro 2006

"Seventeen seconds, a measure of life"

Decidi voltar a resenhar discos no blog. Para iniciar a série, Seventeen Seconds, do The Cure.

Lançado em maio de 1980, esse disco foi uma completa ruptura com o tipo de som que a banda fazia. Os singles Killing An Arab, Boys Don't Cry e Jumping Someone Else's Train, além de outras canções do período 1978-1979, como 10:15 Saturday Night e Plastic Passion, poderiam ser rotulados como um punk mais acessível, com músicas de melodias irresistíveis e letras que se alternavam entre o existencialismo e a ingenuidade amorosa.
Seventeen Seconds foi quem rompeu com tudo isso. Mais cuidadosamente produzido (o próprio Robert Smith, em parceria com Mike Hedges, se encarregou disso) e arranjado, ele foi um dos primeiros álbuns do que viria a ser chamada de cena post-punk - no mesmo ano, Siouxsie and the Banshees lançou Kaleidoscope, Bauhaus lançou seu 1º LP e o Joy Division se despediu precocemente com a obra-prima Closer. O Cure, em meio a esse contexto mais sombrio do rock inglês, não fez feio. Aliás, considero este como o melhor álbum do Cure, em meio a outras pérolas como Pornography, The Head On The Door, Disintegration e Wish. Agora, o LP, faixa a faixa:

1. A REFLECTION é uma espécie de introdução, vinheta inicial. 2 minutos de um piano melancólico, acompanhado de alguns riffs de guitarra. Serve como um aviso ao ouvinte - "esqueça Boys Don't Cry e conheça o novo The Cure".

2. PLAY FOR TODAY é um rock que resume bem a aura do disco - letra curta, doída e direta, grande destaque para a bateria, um baixo que conduz a melodia e uma guitarra que desenvolve o clima, o ambiente da música.

3. SECRETS talvez seja a mais introspectiva do álbum. O vocal é tão baixo que quase não dá para ouvir, mas seu aspecto sussurrado combina com a faixa, que tem um ritmo bem monolítico.

4. IN YOUR HOUSE é uma das mais belas. A melodia é muito boa, e a voz de Robert reflete bem a instabilidade emocional pela qual ele passava. Nota-se uma certa influência, mesmo que ligeira, do Joy Division, com a bateria entrando antes de todos os outros instrumentos e também sendo a última a sair.

5. THREE usa e abusa do teclado para montar uma sonoridade sombria e até assustadora. Seu fim repentino encerra também o lado A do LP, ou a primeira metade do CD.

6. THE FINAL SOUND é a mais curta (quase 1 minuto de duração) e estranha de todas. Percebe-se que ela prepara terreno, para o maior petardo do disco...

7. A FOREST, clássico absoluto do The Cure e a minha favorita da banda. A letra é fantástica ao relembrar os pesadelos que Robert tinha com "a garota na floresta" (perdão por essa intervenção, mas eu também tinha sonhos assim, e não foi por acaso que eu passei a adorar a música). O arranjo instrumental é muito soturno, e até dançável (aliás, A Forest, ao lado de Love Will Tear Us Apart, inicia a tendência das "canções sentimentais perfeitas para pistas de dança" que predominou nos anos 80, destacando-se New Order e Depeche Mode). A progressão da música também é interessantíssima, encerrando-se com guitarras raivosas e uma forte linha de baixo. Enfim, tudo nela é perfeito.

8. M, eis outra pela qual eu tenho uma predileção especial. Mais leve que as anteriores, ela também possui notável capacidade de envolver o ouvinte. Destaque para o riff na reta final.

9. AT NIGHT é a mais longa (5 minutos e 55 segundos, apenas um pouco a mais que A Forest) de 17 Seconds. Completamente dark, já que usa e abusa de "recursos estilísticos" como comparar a noite com o sofrimento do eu-lírico. "Listen to the silence at night... someone has to be there".

10. SEVENTEEN SECONDS, a canção que intitula o trabalho, começa lenta e gradual, com uma bateria tímida, seguida dos outros instrumentos. Ela só começa pra valer depois de 1min15sec de duração, e não decepciona. Sua simplicidade e a idéia do silêncio angustiante que ela passa fecham o álbum de uma maneira ímpar.

Após a audição, só há uma conclusão. Na verdade, duas. A primeira é que esse disco é sensacional. E a outra é que você vai apertar o Repeat para ouví-lo novamente, já que ficou viciado nele...

09 setembro 2006

Contemplação

Há tempos que eu não escrevia um poema. Espero que gostem deste.

CONTEMPLAÇÃO

Soturna como a noite
Ela vaga pelas ruas
Um pedido de açoite
Na contemplação das luas.

Sua boca é carnuda
E o sorriso, infernal
Quando suas curvas ela desnuda
A instigação é fatal.

Uma beleza sombria
Aterroriza a quem passar
E, na madrugada fria,
Ela deseja jamais descansar.

Quando lhe oferecem flores
A criatura logo repele
Não quer nelas relembrar dores
Que afaguem sua pele.

Calculista e minuciosa
Logo ela encontra uma vítima
Na sua função não é misericordiosa
Pois sua fraqueza é ínfima.

É hora de partir
O trabalho está feito
Quem sabe poderá sorrir
Por mais um ato perfeito.

08 setembro 2006

A cura para todos os males

Já afirmei diversas vezes que The Cure é muito bom, mas não me canso de repetir. Ouvir o Disintegration seguido do Seventeen Seconds é uma experiência musical-psicológica impressionante. Mais (ou tão) viajante que (quanto) isso, só se for pra ouvir a fase psicodélica dos Beatles, a "trilogia" do Radiohead, o Loveless do MBV ou mesmo o Unknown Pleasures e o Closer do JD seguidos.
Enfim, eu gosto de música atmosférica. Canções que ambientam o ouvinte. Eu me sinto bem em ouvir algo que me envolva. Com a literatura é a mesma coisa - não foi por acaso que eu gostei tanto de, por exemplo, 1984, On The Road e Os Irmãos Karamazov...

05 setembro 2006

"Não sou escravo de ninguém"

Toda banda que se preze tem o seu disco perfeito, a sua obra-prima. Sim, me refiro aos álbuns que conseguem prender o ouvinte durante toda a audição, aqueles que não tem hits, pois todas as músicas são bem acima da média. Me parece que esse é o caso do V. Lançado em 1991, ele é uma contradição ao período entre o finalzinho dos anos 80 e o início dos 90 para o Rock nacional, que passou por uma fase negra, que, entre outros fatos, teve o fim do RPM, a morte de Cazuza e a ascensão de estilos musicais como a lambada e o axé.
A Legião vinha de quatro discos bem-sucedidos, que trouxeram hits como "Será", "Faroeste Caboclo", "Pais e Filhos" e "Tempo Perdido" e o reconhecimento nacional. O trio (que era quarteto até 88, com a saída de Renato Rocha) tinha pouca técnica, mas suas melodias e letras garantiam aos seus trabalhos um alto nível.
O quadro de saúde de Renato Russo era sofrível, e o país estava em plena Era Collor, com direito a confisco de poupança e tudo mais. O conjunto lançou em Dezembro de 1991 o álbum V. A crítica massacrou o disco, taxando-o de melancólico e pouco criativo. O público gostou, mas a perplexidade foi clara, afinal, com a exceção de "O Teatro De Vampiros" e "Vento No Litoral", nenhuma música emplacou.
V tem quase 50 minutos de duração e 10 faixas. Pode parecer pouco, mas não é. Começamos pela faixa 1, "Love Song". Ela cumpre perfeitamente o papel de música de abertura. A sonoridade surpreende, com clima medieval. Mas isso era pouco perto do que estaria por vir - "Metal Contra As Nuvens". 11 minutos e 29 segundos de duração - uma eternidade. Ainda assim, é a obra-prima da Legião, uma mescla de progressivo com post-punk para inglês ver (digo, ouvir). A melodia é incrível, e a letra é impecável. A canção é uma viagem medieval no início, transforma-se em contestação política e agressividade no meio e tem versos esperançosos no fim. Muitos devem se lembrar de que há uma versão desplugada dela no Acústico Mtv. Apesar de não ser melhor que a original, a versão acústica é excelente e também imperdível.
"A Ordem Dos Templários" é instrumental; essa faixa tem uma ambientação soturna muito boa. "A Montanha Mágica" é uma música fenomenal, outro ponto alto do disco. A letra é lisérgica, com referências claras às drogas e uma sonoridade bem psicodélica. São quase oito minutos de deixar qualquer um impressionado. A calmaria vem com "O Teatro Dos Vampiros", mas nem tanto - a letra é politizada, e é considerada por muitos um retrato fiel do governo de Fernando Collor de Mello. Os versos poéticos e o ritmo animado de "Sereníssima" provam que a Legião Urbana soube segurar a barra no Lado B de V.
"Vento No Litoral" é muito melancólica e é uma das mais tristes canções compostas por Renato Russo, com referências ao seu relacionamento com Scott. "O Mundo Anda Complicado" é despretensiosa e otimista, contrastando com o resto do disco, mas nem por isso sendo de qualidade inferior. "L'âge D'or" é um Rock pesado, com versos bem agressivos, como "(...)Já tentei muitas coisas, de heroína a Jesus(...)". Logo em seguida, o trabalho seria encerrado com chave de ouro com "Come Share My Life". Ela é instrumental e curta (2 minutos), e tem um clima meio fúnebre, que, contudo, é perfeito para encerrar um disco de peso como esse.
Depois de tudo isso, fica bem claro que V é o melhor álbum da Legião Urbana, doa a quem doer. É a prova de que Bonfá, Dado e Russo não eram apenas outra banda comercial e pop, mas sim uma das mais respeitáveis bandas de Rock da história do Brasil. O fato de a banda continuar prestigiada até hoje é uma prova do legado da Legião Urbana. Faça um favor a si mesmo e ouça esse disco.

02 setembro 2006

5 bandas que eu ouvi bastante hoje

1. Garbage - "Stupid Girl" foi a música que me despertou grande interesse nessa banda. Já a conhecia (a música e a banda) há uns 7 meses, quando também ouvi pela primeira vez as boas "Only Happy When It Rains", "Cherry Lips" e "I Think I'm Paranoid". Mas só foi nessa semana que eu fui conquistado pela melodia dessa canção. E hoje tirei o dia para baixar as melhores do Garbage. Foram 4 ou 5 de cada álbum - gostei da grande maioria delas. Destaco "Vow", "Push", "Special", "Til The Day I Die", "Breaking Up The Girl", "Bad Boyfriend" e "Sex Is Not The Enemy". Indie/electro rock dos bons.

2. Titãs - estou desconfiado de que Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas é meu disco favorito deles... e com bons motivos. "Comida", "Corações e Mentes", "Diversão" (a melhor faixa do álbum e também da banda, na minha opinião), "Desordem", "Lugar Nenhum" e "Nome Aos Bois" são algumas das melhores.

3. Slowdive - a música deles é tudo que um doido como eu poderia querer nesse mundo - atmosférica, densa, melancólica, viajante... é um grande prazer dar esses adjetivos para "When The Sun Hits" (minha predileta), "Alison", "Slowdive, "Crazy For You", "Dagger", "Machine Gun", o cover de "Some Velvet Morning"...

4. David Bowie - o Low, sem dúvidas, é um disco fenomenal. Ao lado de
Velvet Underground And Nico (Velvet Underground), The Idiot (Iggy Pop) e Closer (Joy Division), ele forma o que o post-punk considera "Os 4 [discos] Intimistas".

5. Velvet Underground - falando neles, também escutei bastante o som deles hoje. Ouvi o VU and Nico na íntegra, além de músicas avulsas dos outros discos, como "Who Loves The Sun" e "I Can't Stand It".

Ah, também freqüentaram os meus ouvidos hoje: Mutantes, Pixies, Legião Urbana, I Love You But I've Chosen Darkness, VNV Nation, Joy Division e The Cure.