Kaio Felipe:
Kaio é uma pessoa, no mínimo, estranha. Ele é otimista e pessimista ao mesmo tempo. Usa da auto-crítica para expor momentos de desespero e também para fingir que é humilde. O cara é um poço de arrogância e megalomania. Kaio é obcecado por rock. Joy Division, Beatles, The Cure, Velvet Underground, Depeche Mode, New Order, Pink Floyd, My Bloody Valentine e Suicide são algumas de suas bandas favoritas. Ele também é apaixonado por literatura e filosofia, e seus escritores favoritos são George Orwell, Dostoiévski, Nietzsche, Schopenhauer, Rimbaud, Edgar Allan Poe, Álvares de Azevedo e Goethe. O rapaz é obcecado por relacionar canções a momentos de sua vida - "A Forest" é freudiana quando relacionada à desilusão amorosa que ele teve na pré-adolescência. "Metal contra as nuvens" é uma boa lembrança para ele de seus 12, 13 anos de idade. "Isolation" seria um reflexo do Kaio anti-social que foi se construindo com o tempo. E "I am the Walrus" é uma síntese da egomania dele. Ah, outra coisa importantíssima sobre ele - Kaio adora falar em 3ª pessoa...

E-mail: lostforest80@gmail.com

Meu Orkut
Perfil completo

 

 

 

Sejam bem-vindos a uma exibição de atrocidades. Esse é o caminho - basta que vocês entrem.

04 fevereiro 2007

"A gente não quer só comida, a gente quer a vida como a vida quer"


Uma das mais expressivas bandas do rock nacional, os Titãs mudaram muito de direção musical através dos tempos (e discos), e na maior parte das vezes, conseguiram manter a alta qualidade. A formação atual conta com Paulo Miklos (vocal/guitarra), Branco Mello (vocal/baixo), Sérgio Britto (vocal/teclados), Charles Gavin (bateria) e Tony Bellotto (guitarra), e entre os ex-integrantes estão André Jung (baterista no 1º disco), Arnaldo Antunes (vocalista até 92), Nando Reis (vocal e baixo até 2002) e Marcelo Fromer (guitarrista, faleceu em 2001). Apesar de já não serem os arrasa-quarteirões que já foram, os titânicos continuam muito acima da maior parte das bandas roqueiras brasileiras.

TITÃS (1984)
O debut. É um trabalho irregular, pois a banda ainda não tinha se decidido por um estilo, ora debandando para o reggae, ora para algo influenciado pela Jovem Guarda. Contribui pra isso o fato de que o disco foi gravado em um estúdio de jingles! Mesmo assim, destaque para "Babi Índio", "Toda Cor" e a brega "Sonífera Ilha".

TELEVISÃO (1985)
Na segunda tentativa, os Titãs dão um salto em relação ao 1º álbum. Apesar da péssima produção de Lulu Santos, Televisão compensa isso com várias ótimas canções bem no estilo new wave. Recomendo a faixa-título, "Dona Nenê", "Autonomia", "Massacre" e "Não Vou Me Adaptar".

CABEÇA DINOSSAURO (1986)
A 1ª das obras-primas titânicas. União perfeita entre letras sociopolíticas e uma sonoridade punk, ele foi um dos discos brasileiros mais influentes nos anos 80. Eu poderia destacar praticamente todas as faixas - "Igreja", "Homem Primata", "Estado Violência", "Polícia", "Bichos Escrotos", "Família", "Tô Cansado", "AA UU"...

JESUS NÃO TEM DENTES NO PAÍS DOS BANGUELAS (1987)
Outro CD genial; é um dos meus prediletos. O som é mais limpo que o do seu antecessor, fazendo o álbum ainda soar atual, mesmo vinte anos depois. A banda entra de cabeça no rock eletrônico, resultando em clássicos como "Comida", "Corações e Mentes" e, principalmente, "Diversão" (a minha favorita da banda). Os Titãs também mandam ver no rock pesado e politizado de "Desordem", "Lugar Nenhum" e "Nome Aos Bois".

GO BACK (1988)
O primeiro álbum ao vivo do (na época) octeto. O resultado é satisfatório, até mesmo porque seu repertório contém várias música que não foram hits, como "Pavimentação" (Televisão) e "Marvin" (Titãs), sendo que esta aproveitou muito bem sua 2ª chance e transformou-se em um dos maiores sucessos do banda. O remix da música "Go Back" também merece elogios.

Õ BLÉSQ BLOM (1989)
Completa a 'trilogia sagrada dos Titãs'. A banda retorna mais experimental do que nunca, inclusive com o uso de bateria eletrônica e ritmos regionais, sempre com ótimas melodias e versos geniais. As melhores são "Miséria", "Flores", "O Camelo e o Dromedário", "O Pulso", "Deus e o Diabo", "32 Dentes" e a música que me inspirou a dar o nome para o meu outro blog: "Racio Símio"!

TUDO AO MESMO TEMPO AGORA (1991)
O conjunto toma uma decisão arriscada: fazer um disco sujo e anti-comercial. A reação imediata de crítica e pública foi de repulsa, o que era esperado, afinal, fazer um disco de sonoridade alternativa, autoproduzido (lembrem-se que eles vinham de uma longa parceria com Liminha) e cheio de esporro sonoro e letras escatológicas não é para qualquer um. Recomendo "Saia de Mim", "Não é por não Falar", "O Fácil é o Certo", "Eu Não Sei Fazer Música" e "Clitóris".

TITANOMAQUIA (1993)
O primeiro CD sem Arnaldo Antunes, que havia decidido seguir em carreira solo. Isso não impediu os 7 remanescentes de conseguirem segurar a onda, ao flertar com o grunge (inclua nisso a ótima produção de Jack Endino) e rechear as letras de auto-indulgência. Infelizmente, é um dos mais subestimados álbuns dos Titãs. Destaque absoluto para "Hereditário", "Será Que É Isso Que Eu Necessito?", "Disneylândia", "Nem Sempre Se Pode Ser Deus" e "A Verdadeira Mary Poppins".

TITÃS 84-94 (1994)
A coletânea que qualquer conjunto do rock nacional gostaria de ter. Titãs 84-94 é um disco duplo recheado dos clássicos deles, perfeito para quem está começando a ouvir a banda. Praticamente todas as melhores músicas que eles fizeram foram compiladas.

DOMINGO (1995)
É o fim de uma era. Domingo é o último álbum de estúdio realmente bom dos Titãs. Aliás, foi o primeiro CD que eu ganhei na minha vida, em maio de 96, e é por isso que eu nutro um sentimento de adoração por ele. Analisando, no entanto, como crítico, e não como fã, é fácil perceber que a banda, apesar de irregular em certos momentos, conseguiu ser pop sem ser comercialóide, e fez canções interessantes como a faixa-título, "Eu Não Aguento", "Eu Não Vou Dizer Nada", "Qualquer Negócio" e "Ridi Pagliaccio".

ACÚSTICO MTV (1997)
Se fosse este um álbum de despedida em grande estilo, eu gostaria muito mais dele. Porém, como foi uma maneira que os Titãs encontraram de se vender para as massas pelos próximos anos, já não soa tão nobre. Entretanto, as versões desplugadas de "Diversão", "Comida", "O Pulso" e "Pra Dizer Adeus" são muito boas, e as inéditas "Os Cegos Do Castelo" e “Não Vou Lutar” são bacanas.

VOLUME DOIS (1998)
Sinceramente, uma porcaria. Clássicos como "Desordem", "Domingo" e "Miséria" foram destruídos com as novas versões e nenhuma das inéditas é digna de elogio. As nova versões de "Sonífera Ilha" e "Insensível" são as poucas que até se salvam, e o cover de “É Preciso Saber Viver” é razoável, mas nada de excepcional.

AS DEZ MAIS (1999)
Só não é uma completa desgraça porque o cover de "Aluga-se" ficou bom. No mais, é o conjunto no fundo do poço da criatividade, a ponto de fazer um disco de interpretações.

E-COLLECTION (2000)
Coletânea para ‘consolidar’ o fim do contrato dos Titãs com a Warner. Recomendável para fãs radicais atrás de sobras de estúdio e raridades, como "A Marcha do Demo", "Saber Sangrar" e “Pela Paz”.

A MELHOR BANDA DE TODOS OS TEMPOS DA ÚLTIMA SEMANA (2001)
Não tem a genialidade de tempos anteriores, mas é razoável. As canções "A Melhor Banda De Todos Os Tempos Da Última Semana", "Isso" e "Epitáfio" fizeram sucesso, e são as melhores junto de "Vamos Ao Trabalho" e "O Mundo É Bão, Sebastião".

COMO ESTÃO VOCÊS? (2003)
Falta energia e criatividade; os Titãs perderam o vigor que tinham em tempos anteriores. Os hits “Provas De Amor” e “Enquanto Houver Sol” são medíocres. Os destaques são justamente as faixas que fazem boas críticas sociais: "Gina Superstar" e "KGB".

MTV AO VIVO (2005)
Bem produzido e com a pegada roqueira que há tanto tempo faltava no som deles, o disco Mtv Ao Vivo provou que eles ainda podiam mostrar em 1 hora de show várias das suas melhores faixas com o peso que elas pedem. "Lugar Nenhum", "AA UU", "Flores" e "Não vou Lutar" são algumas das que ficaram boas, e, entre as inéditas, "O Inferno são os Outros" é a melhor, mas "Vossa Excelência" é divertida.

29 dezembro 2006

Give me coffee and TV, easily

Apesar de terem um público fiel na Inglaterra, o Blur, no resto do mundo, foi e ainda é subestimado perto dos fenômenos comerciais e de crítica Oasis e Radiohead, as duas bandas britânicas surgidas nos anos 90 que ainda acumulam grande prestígio. Isso é tão evidente que a grande maioria dos fãs do Blur em países como o Brasil e os EUA são "indies" e fãs de rock alternativo, ou seja, um público bem reduzido perante o das outras duas.

Claro que isso é uma tremenda injustiça, pois a banda é tão incrível ou até melhor do que os conjuntos liderados, respectivamente, pelos irmãos Gallagher e Thom Yorke. E é isso que eu tentarei mostrar para vocês - comentarei sobre os 7 discos feitos pelo quarteto Damon Albarn (vocal/teclados), Graham Coxon (guitarra), Alex James (baixo) e Dave Rowntree (bateria), a qual surgiu em 1989.



LEISURE
(1991)
O debut do Blur é fortemente influenciado pelo rock dançante com toques de shoegaze que estava no auge no início dos anos 90 na Inglaterra, o qual teve como expressão máxima os Stone Roses.
O disco é um dos mais fracos da banda devido ao fato de que eles ainda estavam construindo sua identidade musical; no entanto, há alguns bons destaques, como "Sing", "She's So High", "Come Together" e, principalmente, a vibrante "There's No Other Way".

MODERN LIFE IS RUBBISH (1993)
Após dois anos bem tumultuados, o conjunto resolve dar uma guinada musical, fazendo letras recheadas de críticas sociais e melodias pop e criativas (com misturas interessantes como combinar metais e guitarra em "Popscene"). Não por acaso, dizem que este foi o primeiro álbum a conter todos os elementos do que viria a ser chamado depois de "o lado inteligente do britpop". Apesar de não ter vendido bem, a crítica o elogiou bastante.

As melhores faixas são os singles "For Tomorrow", "Chemical World", "Popscene" e "Sunday Sunday", além das ótimas "Advert" e "Colin Zeal".

PARKLIFE (1994)
Eis o álbum que, para muitos, é o auge do Blur. As idéias do LP anterior foram aprimoradas, e o resultado é um disco genuinamente inglês e, agora sim, acessível para as massas. Vendeu 2 milhões de cópias e foi considerado o melhor disco de 94 pelo Brit Awards.
O ecleticismo da banda é expresso em cada uma das faixas, como na dance music "Girls & Boys", o 'pop perfeito' de "End Of A Century", o rock inteligente de "Parklife", a ironia à britânica de "Tracy Jacks", o romantismo de "To The End", a psicodelia de "Far Out" e até o hardcore de "Bank Holiday".

THE GREAT ESCAPE (1995)
Apesar de estar no mesmo nível de genialidade de (What's The Story) Morning Glory?, do Oasis (aliás, 95 foi o ano do auge do britpop graças à rivalidade entre as duas bandas), não foi um sucesso mundial, resumindo seu ótimo desempenho nas vendas ao Reino Unido. O single "Country House" até conseguiu ganhar da "Roll With It" dos Gallagher nas paradas, mas não impediu a 'virada' dos mesmos.
The Great Escape tem ótimas músicas que merecem ser ouvidas, como "The Universal", "Charmless Man", "Best Days", "Stereotypes", a própria "Country House" e, claro, a deliciosamente grudenta "It Could Be You".

BLUR (1997)
Após vários problemas internos que quase resultaram no fim da banda, o Blur resolve reformular completamente a sua sonoridade, e acabam 'cometendo' o que, na minha opinião, é o melhor trabalho deles; há uma mescla de muitos estilos, desde indie rock até trip-hop.
Os melhores momentos são a fantástica "Beetlebum", as empolgantes "On Your Own" e "Movin' On", as melancólicas "Country Sad Ballad Man" (minha atual favorita do Blur) e "You're So Great" (primeira canção composta e cantada por Coxon) e, claro, dois petardos barulhentos e viciantes, e que expressam a influência do rock alternativo americano no 'novo Blur' - "Chinese Bombs" e o maior hit do conjunto até hoje, "Song 2" (aliás, a música do 'wo-hoo' foi parar até na trilha sonora de FIFA 98, permitindo que pessoas como eu conhecessem a banda).

13 (1999)
O fim do namoro entre Justine Frischmann (que era líder do Elastica) e Damon Albarn influenciou completamente 13, que é, sem dúvidas, o disco mais deprê deles. O experimentalismo iniciado no CD anterior foi continuado, dessa vez com uma tendência para a eletrônica (prova disso é que quem produziu o disco é William Orbit, que já havia trabalhado no Ray of Light de Madonna) combinada com o pop rock típico do Blur. O resultado é um disco denso e que dividiu opiniões.
Temos aqui, como destaques, a distorcida "Bugman", a divertida "B.L.U.R.E.M.I.", a bela "Tender", a interessante "Trimm Trabb", a triste "No Distance Left To Run" e a melhor do álbum, "Coffee & TV" (de autoria do Graham).

THINK TANK (2003)
Após 13, a banda resolveu tirar umas férias - houve uma coletânea em 2000 (The Best of Blur, que compila 17 clássicos da banda e tem como bonus track "Music Is My Radar"; aliás, para quem ainda não conhece a banda, este Best Of é uma ótima pedida) e vários projetos paralelos (Coxon estava lançando um disco solo a cada dois anos, e Damon fez muito sucesso em 2001 com a banda virtual Gorillaz), mas o clima na banda não estava nada bom entre o vocalista e o guitarrista (sim, 'diferenças musicais' e 'disputas de ego'), o que acabou resultado na saída de Graham Coxon do Blur, fato que abalou bastante os fãs.
Think Tank, portanto, valoriza bastante outros instrumentos, em especial teclados e baixo. O DJ Fatboy Slim foi até convidado para produzir duas faixas, sendo uma delas "Crazy Beat", perfeita para as pistas. Outros bons momentos desse trabalho (que está longe de ser o melhor do conjunto, mas nem por isso deixa de ser bacana) são "Ambulance", "Out Of Time", "Good Song" e "Moroccan Peoples Revolutionary Bowls Club".

A banda pretende lançar o seu oitavo CD no ano que vem, mas ainda há muita especulação e poucas confirmações sobre como será o novo disco. Cogita-se até a volta de Graham, pedida pela grande maioria dos fãs. Resta a nós aguardar.

28 dezembro 2006

Da Funk of Daft Punk

Considerada uma das melhores bandas de dance music ou techno ou house ou, enfim, música eletrônica dos últimos anos, tanto por crítica (olha eu aqui!) quanto por público (vocês), o Daft Punk é uma das coisas mais interessantes e criativas que já apareceu no mundo da eletrônica desde, hum, Kraftwerk (os papais de tudo) e New Order (os filhos mais velhos que deram senso melódico e 'danceability'). Sem exageros.
A banda honra a tradição dos 'technistas' e 'housistas' de lançar discos com uma grande distância temporal. No caso do DP, é de 4 anos - Homework (97), Discovery (01) e Human After All (05). Claro que é um saco ter que esperar tanto tempo por novos trabalhos, mas se tratando de material de tamanha qualidade, é até justificável. Além do mais, isso possibilita o surgimento de novas gerações de fãs. Eu ainda não sei em qual delas eu estou - eu curtia bastante os videoclipes deles que assistia em 2001-02, mas não chegava a ser um fã. Nesse ano de 2006, no entanto, resolvi começar a ouvir mais dance music, e, obviamente, o Daft Punk seria um dos primeiros da lista de 'bandas para baixar'. E não me arrependi - viciei-me rapidamente pelo som deles, que entraram no meu top 50 do last.fm com uma rapidez espantosa.
Vamos agora fazer uma breve análise de cada um dos três álbuns da banda:

HOMEWORK (Janeiro/1997)
Um debut impressionante. É o "futuro do presente", afinal, já na metade dos anos 90 o duo francês foi pioneiro em uma sonoridade que iria ser 'mainstream' na década seguinte. O LCD Soundsystem não diz "Daft Punk is playing in my house" por acaso, a influência de Homework na música eletrônica (pós) moderna é inegável, devido à sua interessante mistura de house, techno, electro e até acid house.
A melhor faixa do disco (e o single que estourou a banda nas paradas européias) é "Da Funk", mas há vários outros destaques, como o hit "Around The World", as ótimas "Teachers" e "Revolution 909" e outras coisas bem legais como "Alive", "Burnin'" e "Phoenix". Na minha opinião, este é o melhor dos 3 trabalhos do Daft Punk.

DISCOVERY (Março/2001)
A banda dá uma guinada enorme na sua sonoridade, e se aproxima do synth pop. O resultado é o CD mais acessível e comercial deles, que vendeu mais de 4 milhões de cópias no mundo inteiro e chegou ao segundo lugar dos tops de álbuns na Inglaterra. Portanto, esse é o "presente", pois contém músicas com as quais as massas do ano 2001 se identificaram.
É nesse álbum que está a 'trilogia' "One More Time" (maior hit da banda até hoje, foi sucesso até aqui no Brasil), "Aerodynamic" (destaque para o solo de 'guitarra') e "Digital Love" (talvez a melodia mais bela que eles já fizeram). Também se sobressaem "Harder, Better, Faster, Stronger", "Something About Us", "Short Circuit" e "Face to Face". Ah, procure pelo filme de animação "Interstella 5555: The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem" pra contextualizar com algumas faixas do Discovery.

HUMAN AFTER ALL (Março/2005)
Gravado em apenas 6 semanas, é o álbum deles que mais dividiu opiniões. Não agradou tanto a crítica (eu!) como Homework ou o público (vocês!) como Discovery, mas não deixa de ser um ótimo trabalho, sendo, dos 3, o "futuro do pretérito", com várias referências ao estilo do Kraftwerk na sonoridade, um futurismo que pode soar (intencionalmente) não-futurista e datado, além das vestimentas que parecem saídas de um 'filme de ficção científica do século 20 sobre como seria o século 21'.
Algumas faixas são bem estranhas, como "The Prime Time Of Your Life" e "The Brainwasher", mas Human After All tem quatro petardos dançantes que são à prova de qualquer comentário mal humorado sobre ele (por exemplo, o de que é um disco repetitivo): "Robot Rock", "Technologic" (que conta com um dos clipes mais bacanas do Daft Punk), "Television Rules The Nation" e a faixa-título.

Para encerrar a matéria, duas últimas dicas - se quiser uma compilação do melhor do trabalho deles, recomendo a coletânea MUSIQUE VOL. 1 (1993-2005), que é um CD que compila todos os singles da banda e vem como bônus um DVD com vários clipes. Imperdível.
Outra coisa - na internet há vasto material sobre o filme que eles divulgaram no Festival de Cannes, "Daft Punk's Electroma". Os (sortudos) que já assistiram garantem que ficou sensacional.

02 dezembro 2006

Don't roll with it

Sobre a coletânea nova do Oasis - eu achei a tracklist injusta.
Poxa, disco duplo, mas só 9 músicas de cada lado?
E o pior, NENHUMA faixa do Be Here Now? Cadê Stand By Me, All Around The World, D'You Know What I Mean e Don't Go Away, só citando os 4 singles (todos eles tendo entrado no top 5 das paradas britânicas)?
Também senti a falta de outros clássicos de outros álbuns, como Married With Children, Roll With It, Stop Crying Your Heart Out, Little By Little e Let There Be Love.
Parece que foi o Noel que escolheu as 18 faixas. O próprio Liam reclamou da ausência do Be Here Now. E com razão. Ele pode até não ser o melhor álbum da banda, até porque Definitely Maybe e (What's The Story) Morning Glory? são difíceis de serem superados, mas mesmo assim, é um disco muito bom, recheado de clássicos, apesar de ter sido muito menosprezado em 1997 pela crítica.
Acho que Stop The Clocks privilegia demais o Oasis de 94 e 95 (fase representada por 14 músicas) e ignora a história da banda de 96 pra frente (apenas 4). Compensa muito mais comprar os 2 primeiros álbuns da banda mais o Masterplan, sai só um pouco mais caro (em torno de 58) que a coletânea, que vai custar uns 41 reais.

disco I: 1. Rock 'N' Roll Star, 2. Some Might Say, 3. Talk Tonight, 4. Lyla, 5. The Importance Of Being Idle, 6. Wonderwall, 7. Slide Away, 8. Cigarettes & Alcohol, 9. The Masterplan.
disco II: 1. Live Forever, 2. Acquiesce, 3. Supersonic, 4. Half The World Away, 5. Go Let It Out, 6. Songbird, 7. Morning Glory, 8. Champagne Supernova, 9. Don't Look Back In Anger.

Rivalidades à parte, mas o Best Of do Blur ficou bem melhor que o do Oasis. Mesmo tendo "perdido" a batalha com a banda dos irmãos Gallagher, eles souberam escolher bem melhor as músicas de sua antologia:
1. Beetlebum, 2. Song 2, 3. There's No Other Way, 4. The Universal, 5. Coffee & TV, 6. Parklife, 7. End Of A Century, 8. No Distance Left To Run, 9. Tender, 10. Coffee & TV, 11. Charmless Man, 12. She's So High, 13. Country House, 14. To The End, 15. On Your Own, 16. This Is A Low, 17. For Tomorrow, 18. Music Is My Radar.

Não que The Best Of Blur não tenha cometido injustiças. Pelo contrário, cometeu algumas. Do debut Leisure, Sing poderia ter entrado (quem já assistiu a Trainspotting sabe o que eu estou falando). Modern Life Is Rubbish só foi representado por For Tomorrow, que, de fato, é a melhor do álbum, mas eu não me incomodaria se Chemical World, Sunday Sunday ou Advert também marcassem presença.
Parklife foi representado maciçamente (5 faixas), mas eu tiraria To The End para colocar Tracy Jacks. The Great Escape, bem, It Could Be You (minha favorita do Blur) é uma que eu adoraria ouvir na coletânea. Best Days, uma das melhores baladas do Blur, também ficaria legal. Do Blur (1997), senti falta de M.O.R., Country Sad Ballad Man e Chinese Bombs. E 13 ficou de bom tamanho, as três escolhidas são realmente as mais cool dele.
The Best Of é de 2000, mas se fosse feita em 2006, acho que, do Think Tank, poderiam entrar alguma dessas três: Ambulance, Out Of Time e Crazy Beat.
Mesmo com todos esses 'poréns', é inegável que o Blur soube selecionar muito bem as 18 faixas. Todos os LPs da banda foram representados, lição para o Oasis, que subestimou a si mesmo.

Nem vou comentar sobre o 18 Singles, do U2, coletânea essa extremamente reducionista e oportunista. Me recuso a comentar a ausência de I Will Follow, Gloria, Seconds, 40, The Unforgettable Fire, Angel Of Harlem, Stay, Bullet The Blue Sky, Even Better Than The Real Thing, Staring At The Sun, All Because Of You e Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me...

02 novembro 2006

Tracklist para uma futura festa

Isolation - Joy Division
Ceremony - New Order
Girls and Boys - Blur
You got me - VHS or Beta
Off the hook - Cansei de ser sexy
Kill all hippies - Primal Scream
Stupid Girl - Garbage
Should I stay or should I go - The Clash
Stutter - Elastica
Crazy Beat - Blur
Song 2 - Blur
Bone Machine - Pixies
Break My Body - Pixies
Out of the races and onto the tracks - The Rapture
Take Me Out - Franz Ferdinand
Darts of Pleasure - Franz Ferdinand
Tame - Pixies
Music is my hot sex - Cansei de ser sexy
Closer - Nine Inch Nails
The Dark Of The Matinée - Franz Ferdinand
Psycho Killer - Talking Heads
Planet Earth - Duran Duran
Bigmouth Strikes Again - The Smiths
I don't feel like dancin' - Scissor Sisters
Close To Me - The Cure
The Perfect Kiss - New Order
I don't want to fall in love - She wants revenge
Personal Jesus - Depeche Mode
Diversão - Titãs
Blue Monday - New Order
Lullaby - The Cure
Enjoy the silence - Depeche Mode
Love Will Tear Us Apart - Joy Division
Bizarre Love Triangle - New Order

28 outubro 2006

Top 10 de melhores de cada banda - parte 3

Na série de hoje, só roqueiros clássicos. Todos surgiram entre a metade dos anos 60 e o final dos anos 70.

PINK FLOYD
1. Speak On Me/Breathe
2. Money
3. Another Brick In The Wall Part II
4. See Emily Play
5. Time
6. Mother
7. Shine On You Crazy Diamonds (Parts 1-7)
8. Echoes
9. Astronomy Domine
10. Let There Be More Light

THE DOORS
1. Break On Through (To The Other Side)
2. Love Me Two Times
3. People Are Strange
4. Light My Fire
5. Love Her Madly
6. The End
7. Roadhouse Blues
8. Riders On The Storm
9. Hello, I Love You
10. The Unknown Soldier

LED ZEPPELIN
1. Dancing Days
2. The Song Remains The Same
3. Stairway To Heaven
4. No Quarter
5. All Of My Love
6. D'yer Mak'er
7. Whole Lotta Love
8. Communication Breakdown
9. Moby Dick
10. Black Dog

DAVID BOWIE
1. Starman
2. Warszawa
3. Queen Bitch
4. Space Oddity
5. Changes
6. Ziggy Stardust
7. Ashes To Ashes
8. Under Pressure
9. Heroes
10. Sound And Vision

U2
1. Seconds
2. Sunday Bloody Sunday
3. One
4. Gloria
5. I Still Haven't Found What I'm Looking For
6. Pride (In The Name Of Love)
7. New Year's Day
8. With Or Without You
9. Beautiful Day
10. Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me

26 outubro 2006

Top 10 de melhores de cada banda - parte 2

Vamos falar hoje de cinco bandas norte-americanas que eu adoro. Todas elas são influências fundamentais no rock alternativo das últimas duas décadas.

PIXIES
1. Bone Machine
2. Break My Body
3. Debaser
4. Tame
5. Where Is My Mind?
6. Ana
7. Monkey Gone To Heaven
8. Gigantic
9. Broken Face
10. I've Been Tired

SONIC YOUTH
1. Sugar Kane
2. Sunday
3. 100%
4. Teen Age Riot
5. Dirty Boots
6. Screaming Skull
7. Youth Against Fascism
8. Schizophrenia
9. My Friend Goo
10. Candle

NIRVANA
1. Frances Farmer Will Have Her Revenge On Seattle
2. Lounge Act
3. Smells Like Teen Spirit
4. All Apologies
5. Pennyroyal Tea
6. Lithium
7. About A Girl
8. Dive
9. Come As You Are
10. Scentless Apprentice

PAVEMENT
1. Shady Lane
2. Unfair
3. Flux=Rad
4. Stereo
5. Grave Architecture
6. Rattled By The Rush
7. Spit On A Stranger
8. In The Mouth A Desert
9. Cut Your Hair
10. Range Life

THE SMASHING PUMPKINS
1. Ava Adore
2. 1979
3. Cherub Rock
4. Drown
5. Thirty-Three
6. Perfect
7. Rhinoceros
8. Bullet With Butterfly Wings
9. Zero
10. Today

24 outubro 2006

Top 10 de melhores de cada banda - parte 1

Para começar a série, cinco bandas britânicas. As duas primeiras, apesar de serem oitentistas, praticamente inventaram o indie rock inglês que estouraria nos anos 90, apesar de uma ser mais ligada ao pós-punk e a outra, à Madchester. A terceira e a quarta são as principais do britpop, e a quinta é quase que um pós-britpop.
Ah, a listas são COMPLETAMENTE INTIMISTAS, é puramente opinião pessoal, sem nenhum rigor científico. E foi um sacrifício enorme tirar algumas músicas ótimas de cada banda.

THE SMITHS
1. Death Of A Disco Dancer
2. Bigmouth Strikes Again
3. Sheila Take A Bow
4. How Soon Is Now?
5. Unhappy Birthday
6. Cemetry Gates
7. This Charming Man
8. Girlfriend In A Coma
9. Ask
10. Pretty Girls Make Graves

THE STONE ROSES
1. I Wanna Be Adored
2. Made Of Stone
3. She Bangs The Drums
4. I Am The Resurrection
5. Elephant Stone
6. So Young
7. Waterfall
8. Fools Gold
9. What The World Is Waiting For?
10. Ten Storey Love Song

BLUR
1. It Could Be You
2. Girls & Boys
3. Song 2
4. Coffee And TV
5. For Tomorrow
6. There's No Other Way
7. Parklife
8. Beetlebum
9. Chinese Bombs
10. No Distance Left To Run

OASIS
1. Roll With It
2. Married With Children
3. Supersonic
4. Stand By Me
5. Cigarettes & Alcohol
6. Go Let It Out
7. Hello
8. Wonderwall
9. Live Forever
10. D'You Know What I Mean?

FRANZ FERDINAND
1. The Dark Of The Matinée
2. Jacqueline
3. Darts Of Pleasure
4. Outsiders
5. The Fallen
6. Take Me Out
7. Tell Her Tonight
8. You're The Reason I'm Leaving
9. Do You Want To
10. Walk Away

18 outubro 2006

5 letras de canções "à la Kaio"

Ok, 4 dessas 5 músicas estão entre as minhas dez preferidas em todos os aspectos, incluindo musicalidade, mas esse top 5 focará as letras delas e seus respectivos sentidos na minha vida. Post simultâneo para Racio Símio e Sofisma Burlesco, por falar de música e intimidade ao mesmo tempo.

I Am The Walrus, dos Beatles: me sinto identificado com a loucura e cinismo que ela expressa... "Espertos escritores, sufocantes fumantes, vocês não acham que um brincalhão sorri para você? ". Além disso, ela é agressiva e egocêntrica. "Eu sou a morsa" seria quase que um "eu me sinto como se fosse Deus”.

Isolation, do Joy Division: expressa bem o que seria o Anfisismo, sendo duas músicas ao mesmo tempo, mas que ao se completarem adquirem um peso imenso. A primeira é uma reflexão pertinente sobre o isolamento das pessoas, e sugere através das pancadas dançantes da bateria que a melancolia é, sim, algo dançável. A segunda é um retrato doído das conseqüências da solidão. além disso, em um trecho ele fala que vive em uma "cegueira que beira à perfeição, mas machuca tanto quanto qualquer outra coisa".

A Forest, do The Cure: perfeita pra definir meu lado mais nostálgico e pessimista, assumido após desilusões. "De repente, eu paro, mas já sei que é tarde demais. estou perdido em uma floresta, totalmente sozinho. a garota nunca esteve lá. é sempre a mesma coisa - eu corro atrás de nada, novamente."

Metal Contra As Nuvens, da Legião Urbana: expressa como a minha mente éuma montanha-russa. Começa sonhadora e poética; depois fica possessiva; em seguida, irada, pessimista, com o eu-lírico se sinto traído e colérico por dentro. Depois, ele reflete sobre a vida, mas ainda sem esperanças. Porém, passa a se confortar com algumas situações e a estar mais esclarecido. No final, eu justamente passo a ver as coisas ainda com uma pontinha de idealismo otimista. E dessa vez, com esperança.

Bizarre Love Triangle, do New Order: define como eu me sinto em qualquer situação na qual estou apaixonado por uma garota, ou simplesmente idealizando-a. "Sempre que fico assim, eu simplesmente não sei o que dizer, por que não podemos ser nós mesmos como éramos ontem?" e "Estou esperando pelo momento final em que você dirá as palavras que eu não posso dizer" são trechos que demonstram bem isso.

12 outubro 2006

Sobre o Circuito Decibélica, no qual eu fui ontem:

Sinto que existem tantas pessoas parecidas umas com as outras nesse ambiente roqueiro de Goiânia...
(Ah, texto escrito sob a forma de prosa espontânea, ontem, em uma folha de papel, lá pelas 23h)
A juventude da década '00 é muito hedonista. Eu, de certa maneira, me incomodo com isso. Eles se divertem, bebem, fumam, ficam, transam, brigam, se reconciliam, riem, choram, sentem prazer, sentem dor... E eu me sinto meio que alheio a tudo isso.
OK, há sempre um momento no qual eu danço em algum dos shows. Também costumo encontrar alguns amigos e converso com eles por vários minutos, etc. Porém, ainda sinto uma pitada de insatisfação. Eu não consigo me distrair como a maioria das pessoas. Não é timidez. Talvez seja mau humor mesmo... Como adoro dizer, sou um puritano - não bebo, não fumo, não beijo, não namoro, não brigo, não choro...
Queria eu compreender o porquê de eu não seguir esse clichê do público que curte rock. Suspeito que prevalece aqui a relação teoria x prática: tenho um gosto musical relativamente amplo, apesar de ainda ser muito averso à MPB. Talvez seja só implicância... Bem, mas no geral, gosto de muita coisa - eletrônica, post-punk, punk, new wave, indie, rock clássico, música clássica, jazz, shoegaze... mas... sou muito autoritário. Se as coisas (músicas) não são como eu quero, logo eu fico bravo e entediado. Nos festivais de rock, então, a coisa é mais séria. Não costumo puxar conversa com qualquer um - geralmente bato papo com alguns amigos, fico andando de um lado para o outro, discuto política com boêmios, encho o saco do (pseudo) DJ para que ele toque as músicas que eu quero, tento me isolar em alguns momentos da humanidade...
É, esse foi mais um dia na vida de Kaio em um festival de rock "alternativo".

02 outubro 2006

Pança de mamute

Review resgatado de um blog antigo que eu tinha. Publicado em 5 de Agosto de 2005.

O que esperar de uma banda cujo maior hit até o momento era “Sonífera Ilha”? O primeiro disco da banda era mediano, e faixas que viraram clássicos posteriormente (com as versões ao vivo, em 1988), como “Marvin” e “Go Back”, não tinham bons arranjos. Já o segundo LP era razoável, e contava com as ótimas “Autonomia”, “Televisão” e “Massacre”. Mas o octeto (!) paulista parecia ter potencial para fazer mais do que aquilo. A resposta foi Cabeça Dinossauro.
Esse álbum é tão incrível e influente que ele provou, definitivamente, que os brasileiros sabiam fazer Rock dos bons. Claro que antes dele vieram os Secos e Molhados e os Mutantes, duas bandas sensacionais, e a Legião Urbana e o RPM se deram bem com suas estréias no ano anterior. Mas foi realmente em julho de 1986 que o Brasil provou a sua capacidade roqueira.
O terceiro LP dos Titãs é aberto pela faixa-título. É uma canção pesada, um bate-estaca com versos que parecem um ritual indígena (e, por incrível que pareça, são mesmo – rito dos xingus contra os maus espíritos). Em seguida, temos a divertida “AA UU”, que divaga sobre o cotidiano patético dos jovens. “Igreja” é a mais polêmica de todas, com sua letra que soa como um hino dos ateus por trás de um Rock irado. “Polícia” ataca outra instituição, e mantém em progresso a fúria do álbum. “Estado Violência” é uma das mais sérias e bem-feitas. “A Face do Destruidor” é um Hardcore de quarenta segundos que reflete sobre a cultura da destruição.
“Porrada” já se entrega no título: a banda clama pelo uso da violência contra os grupos sociais famigerados, como os políticos e os advogados. “Tô Cansado” é uma triste, porém agressiva música sobre o tédio da juventude. “Bichos Escrotos”, com seu bom humor, seu peso e sua escatologia, foi até censurada na época. “Família”, apesar de mais calma e pop, também pega pesado na letra. “Homem Primata” critica a sociedade capitalista e a irracionalidade do ser humano. “Dívidas” tem seu ponto forte nos versos, ao contrário de “O quê”, que conta com um ritmo alucinante e dançante.
Se, atualmente, os Titãs já não são aquela coisa, antigamente os caras eram a melhor banda de Rock que havia no Brasil. Ouça Cabeça Dinossauro, e veja as raízes Punk do conjunto.

26 setembro 2006

Everything counts...

Preparando coletâneas... os artistas com asterisco na frente são as "inéditas", ou seja, as que eu nunca gravei nada. As restantes receberão remakes de seus best of.
- Depeche Mode (1 cd)
- Bee Gees (1 cd)
- Ride* (1 cd)
- My Bloody Valentine (1 cd)
- I Love You But I've Chosen Darkness* + Rasputina* (1 cd)
- Miles Davis* (1 cd)
- Stone Roses (1 cd)
- Blur (2 cds)
- New Order (2 cds)
- The Cure (3 cds)
- Jimi Hendrix* (1 cd)
- Suicide* (1 cd)
- Los Hermanos (1 cd)
- Mutantes (2 cds)
- Pavement (1 cd)

19 setembro 2006

"Seventeen seconds, a measure of life"

Decidi voltar a resenhar discos no blog. Para iniciar a série, Seventeen Seconds, do The Cure.

Lançado em maio de 1980, esse disco foi uma completa ruptura com o tipo de som que a banda fazia. Os singles Killing An Arab, Boys Don't Cry e Jumping Someone Else's Train, além de outras canções do período 1978-1979, como 10:15 Saturday Night e Plastic Passion, poderiam ser rotulados como um punk mais acessível, com músicas de melodias irresistíveis e letras que se alternavam entre o existencialismo e a ingenuidade amorosa.
Seventeen Seconds foi quem rompeu com tudo isso. Mais cuidadosamente produzido (o próprio Robert Smith, em parceria com Mike Hedges, se encarregou disso) e arranjado, ele foi um dos primeiros álbuns do que viria a ser chamada de cena post-punk - no mesmo ano, Siouxsie and the Banshees lançou Kaleidoscope, Bauhaus lançou seu 1º LP e o Joy Division se despediu precocemente com a obra-prima Closer. O Cure, em meio a esse contexto mais sombrio do rock inglês, não fez feio. Aliás, considero este como o melhor álbum do Cure, em meio a outras pérolas como Pornography, The Head On The Door, Disintegration e Wish. Agora, o LP, faixa a faixa:

1. A REFLECTION é uma espécie de introdução, vinheta inicial. 2 minutos de um piano melancólico, acompanhado de alguns riffs de guitarra. Serve como um aviso ao ouvinte - "esqueça Boys Don't Cry e conheça o novo The Cure".

2. PLAY FOR TODAY é um rock que resume bem a aura do disco - letra curta, doída e direta, grande destaque para a bateria, um baixo que conduz a melodia e uma guitarra que desenvolve o clima, o ambiente da música.

3. SECRETS talvez seja a mais introspectiva do álbum. O vocal é tão baixo que quase não dá para ouvir, mas seu aspecto sussurrado combina com a faixa, que tem um ritmo bem monolítico.

4. IN YOUR HOUSE é uma das mais belas. A melodia é muito boa, e a voz de Robert reflete bem a instabilidade emocional pela qual ele passava. Nota-se uma certa influência, mesmo que ligeira, do Joy Division, com a bateria entrando antes de todos os outros instrumentos e também sendo a última a sair.

5. THREE usa e abusa do teclado para montar uma sonoridade sombria e até assustadora. Seu fim repentino encerra também o lado A do LP, ou a primeira metade do CD.

6. THE FINAL SOUND é a mais curta (quase 1 minuto de duração) e estranha de todas. Percebe-se que ela prepara terreno, para o maior petardo do disco...

7. A FOREST, clássico absoluto do The Cure e a minha favorita da banda. A letra é fantástica ao relembrar os pesadelos que Robert tinha com "a garota na floresta" (perdão por essa intervenção, mas eu também tinha sonhos assim, e não foi por acaso que eu passei a adorar a música). O arranjo instrumental é muito soturno, e até dançável (aliás, A Forest, ao lado de Love Will Tear Us Apart, inicia a tendência das "canções sentimentais perfeitas para pistas de dança" que predominou nos anos 80, destacando-se New Order e Depeche Mode). A progressão da música também é interessantíssima, encerrando-se com guitarras raivosas e uma forte linha de baixo. Enfim, tudo nela é perfeito.

8. M, eis outra pela qual eu tenho uma predileção especial. Mais leve que as anteriores, ela também possui notável capacidade de envolver o ouvinte. Destaque para o riff na reta final.

9. AT NIGHT é a mais longa (5 minutos e 55 segundos, apenas um pouco a mais que A Forest) de 17 Seconds. Completamente dark, já que usa e abusa de "recursos estilísticos" como comparar a noite com o sofrimento do eu-lírico. "Listen to the silence at night... someone has to be there".

10. SEVENTEEN SECONDS, a canção que intitula o trabalho, começa lenta e gradual, com uma bateria tímida, seguida dos outros instrumentos. Ela só começa pra valer depois de 1min15sec de duração, e não decepciona. Sua simplicidade e a idéia do silêncio angustiante que ela passa fecham o álbum de uma maneira ímpar.

Após a audição, só há uma conclusão. Na verdade, duas. A primeira é que esse disco é sensacional. E a outra é que você vai apertar o Repeat para ouví-lo novamente, já que ficou viciado nele...

09 setembro 2006

Contemplação

Há tempos que eu não escrevia um poema. Espero que gostem deste.

CONTEMPLAÇÃO

Soturna como a noite
Ela vaga pelas ruas
Um pedido de açoite
Na contemplação das luas.

Sua boca é carnuda
E o sorriso, infernal
Quando suas curvas ela desnuda
A instigação é fatal.

Uma beleza sombria
Aterroriza a quem passar
E, na madrugada fria,
Ela deseja jamais descansar.

Quando lhe oferecem flores
A criatura logo repele
Não quer nelas relembrar dores
Que afaguem sua pele.

Calculista e minuciosa
Logo ela encontra uma vítima
Na sua função não é misericordiosa
Pois sua fraqueza é ínfima.

É hora de partir
O trabalho está feito
Quem sabe poderá sorrir
Por mais um ato perfeito.

08 setembro 2006

A cura para todos os males

Já afirmei diversas vezes que The Cure é muito bom, mas não me canso de repetir. Ouvir o Disintegration seguido do Seventeen Seconds é uma experiência musical-psicológica impressionante. Mais (ou tão) viajante que (quanto) isso, só se for pra ouvir a fase psicodélica dos Beatles, a "trilogia" do Radiohead, o Loveless do MBV ou mesmo o Unknown Pleasures e o Closer do JD seguidos.
Enfim, eu gosto de música atmosférica. Canções que ambientam o ouvinte. Eu me sinto bem em ouvir algo que me envolva. Com a literatura é a mesma coisa - não foi por acaso que eu gostei tanto de, por exemplo, 1984, On The Road e Os Irmãos Karamazov...

05 setembro 2006

"Não sou escravo de ninguém"

Toda banda que se preze tem o seu disco perfeito, a sua obra-prima. Sim, me refiro aos álbuns que conseguem prender o ouvinte durante toda a audição, aqueles que não tem hits, pois todas as músicas são bem acima da média. Me parece que esse é o caso do V. Lançado em 1991, ele é uma contradição ao período entre o finalzinho dos anos 80 e o início dos 90 para o Rock nacional, que passou por uma fase negra, que, entre outros fatos, teve o fim do RPM, a morte de Cazuza e a ascensão de estilos musicais como a lambada e o axé.
A Legião vinha de quatro discos bem-sucedidos, que trouxeram hits como "Será", "Faroeste Caboclo", "Pais e Filhos" e "Tempo Perdido" e o reconhecimento nacional. O trio (que era quarteto até 88, com a saída de Renato Rocha) tinha pouca técnica, mas suas melodias e letras garantiam aos seus trabalhos um alto nível.
O quadro de saúde de Renato Russo era sofrível, e o país estava em plena Era Collor, com direito a confisco de poupança e tudo mais. O conjunto lançou em Dezembro de 1991 o álbum V. A crítica massacrou o disco, taxando-o de melancólico e pouco criativo. O público gostou, mas a perplexidade foi clara, afinal, com a exceção de "O Teatro De Vampiros" e "Vento No Litoral", nenhuma música emplacou.
V tem quase 50 minutos de duração e 10 faixas. Pode parecer pouco, mas não é. Começamos pela faixa 1, "Love Song". Ela cumpre perfeitamente o papel de música de abertura. A sonoridade surpreende, com clima medieval. Mas isso era pouco perto do que estaria por vir - "Metal Contra As Nuvens". 11 minutos e 29 segundos de duração - uma eternidade. Ainda assim, é a obra-prima da Legião, uma mescla de progressivo com post-punk para inglês ver (digo, ouvir). A melodia é incrível, e a letra é impecável. A canção é uma viagem medieval no início, transforma-se em contestação política e agressividade no meio e tem versos esperançosos no fim. Muitos devem se lembrar de que há uma versão desplugada dela no Acústico Mtv. Apesar de não ser melhor que a original, a versão acústica é excelente e também imperdível.
"A Ordem Dos Templários" é instrumental; essa faixa tem uma ambientação soturna muito boa. "A Montanha Mágica" é uma música fenomenal, outro ponto alto do disco. A letra é lisérgica, com referências claras às drogas e uma sonoridade bem psicodélica. São quase oito minutos de deixar qualquer um impressionado. A calmaria vem com "O Teatro Dos Vampiros", mas nem tanto - a letra é politizada, e é considerada por muitos um retrato fiel do governo de Fernando Collor de Mello. Os versos poéticos e o ritmo animado de "Sereníssima" provam que a Legião Urbana soube segurar a barra no Lado B de V.
"Vento No Litoral" é muito melancólica e é uma das mais tristes canções compostas por Renato Russo, com referências ao seu relacionamento com Scott. "O Mundo Anda Complicado" é despretensiosa e otimista, contrastando com o resto do disco, mas nem por isso sendo de qualidade inferior. "L'âge D'or" é um Rock pesado, com versos bem agressivos, como "(...)Já tentei muitas coisas, de heroína a Jesus(...)". Logo em seguida, o trabalho seria encerrado com chave de ouro com "Come Share My Life". Ela é instrumental e curta (2 minutos), e tem um clima meio fúnebre, que, contudo, é perfeito para encerrar um disco de peso como esse.
Depois de tudo isso, fica bem claro que V é o melhor álbum da Legião Urbana, doa a quem doer. É a prova de que Bonfá, Dado e Russo não eram apenas outra banda comercial e pop, mas sim uma das mais respeitáveis bandas de Rock da história do Brasil. O fato de a banda continuar prestigiada até hoje é uma prova do legado da Legião Urbana. Faça um favor a si mesmo e ouça esse disco.

02 setembro 2006

5 bandas que eu ouvi bastante hoje

1. Garbage - "Stupid Girl" foi a música que me despertou grande interesse nessa banda. Já a conhecia (a música e a banda) há uns 7 meses, quando também ouvi pela primeira vez as boas "Only Happy When It Rains", "Cherry Lips" e "I Think I'm Paranoid". Mas só foi nessa semana que eu fui conquistado pela melodia dessa canção. E hoje tirei o dia para baixar as melhores do Garbage. Foram 4 ou 5 de cada álbum - gostei da grande maioria delas. Destaco "Vow", "Push", "Special", "Til The Day I Die", "Breaking Up The Girl", "Bad Boyfriend" e "Sex Is Not The Enemy". Indie/electro rock dos bons.

2. Titãs - estou desconfiado de que Jesus Não Tem Dentes No País Dos Banguelas é meu disco favorito deles... e com bons motivos. "Comida", "Corações e Mentes", "Diversão" (a melhor faixa do álbum e também da banda, na minha opinião), "Desordem", "Lugar Nenhum" e "Nome Aos Bois" são algumas das melhores.

3. Slowdive - a música deles é tudo que um doido como eu poderia querer nesse mundo - atmosférica, densa, melancólica, viajante... é um grande prazer dar esses adjetivos para "When The Sun Hits" (minha predileta), "Alison", "Slowdive, "Crazy For You", "Dagger", "Machine Gun", o cover de "Some Velvet Morning"...

4. David Bowie - o Low, sem dúvidas, é um disco fenomenal. Ao lado de
Velvet Underground And Nico (Velvet Underground), The Idiot (Iggy Pop) e Closer (Joy Division), ele forma o que o post-punk considera "Os 4 [discos] Intimistas".

5. Velvet Underground - falando neles, também escutei bastante o som deles hoje. Ouvi o VU and Nico na íntegra, além de músicas avulsas dos outros discos, como "Who Loves The Sun" e "I Can't Stand It".

Ah, também freqüentaram os meus ouvidos hoje: Mutantes, Pixies, Legião Urbana, I Love You But I've Chosen Darkness, VNV Nation, Joy Division e The Cure.

31 agosto 2006

It's getting better

Beatles é a única banda capaz de me fazer cantarolar pelo meu colégio afora.
E eu o fiz hoje. Tenho certeza que muitos estranharam quando viram um menino andando com seu discman pelo pátio, cantando "Happiness Is A Warm Gun"...
Na sala de aula, eu ouvi metade do Sgt. Pepper's LHCB. Existe algo mais animador (pelo menos nas músicas deles da fase psicodélica) do que "Getting Better", a faixa 4 do mesmo?

Quero diversificar meu cardápio musical. Estou atrás de bandas de rock gótico, indie, shoegaze e eletrônico "do bom". Sugestões, é só mandar um comentário, hehe.

29 agosto 2006

Play for today!

Comprei! Comprei! Comprei o CD do Staring At The Sea, do The Cure!
Desejava há tempos esta compilação dos singles feitos entre 1979 e 1985 por essa grande banda de rock alternativo britânico.
Ainda compro CDs originais de bandas das quais eu realmente goste. Com Cure não poderia ser diferente, ainda mais porque esse álbum abrange canções das tendências musicais mais distintas deles: o punk existencialista (Killing An Arab), canções inocentes sobre fracassos amorosos (10:15 Saturday Night, Boys Don't Cry), a ambientação soturna (A Forest, Play For Today), a melancolia da fase gótica (Charlotte Sometimes, The Hanging Garden), um período serelepe e 'quase gay' (The Walk, The Lovecats) e o início da guinada para o pop alternativo (In Between Days, Close To Me).
Robert Smith foi uma das mentes mais criativas do rock nos anos 80. O The Cure, liderado por ele, compôs, ao lado do Joy Division e de The Smiths, a "santíssima trindade do post-punk" (desculpe para quem gosta de Siouxsie, Bauhaus, Echo and the Bunnymen, Gang of Four, etc, mas as três que eu citei são as mais aclamadas, influentes e importantes). Até hoje a influência da banda permanece explícita, tanto entre indies quanto entre góticos (duas tribos musicais que, em comum, têm o amor ao Cure).
E lembrem-se da paranóia de A Forest - "Suddenly I stop, but I know it's too late... I'm lost in a forest, all alone... The girl was never there, it's always the same. I'm running towards nothing, again and again and again..."

27 agosto 2006

Rock In Sopa III: o que eu achei dele

1. Só vi as 7 primeiras bandas, mas nenhuma delas foi mais do que medíocre. Um rockzinho mais do mesmo, nada que eu já não tenha ouvido na minha vida. Pena que as melhores bandas que tocariam no dia (Rústica, Calvin, The Envy Hearts) eu não pude ver, pois...

2. Tive de ir embora 23h, já que eu tinha que dormir mais cedo para estar disposto para a prova do ENEM, a qual eu tive hoje e que, caso você queira saber mais sobre ela, leia em Racio Símio.

3. O que salvou o dia foi o segundo DJ da noite (a primeira disc-jocquey só tocava rock pesado e punk. Dos CDs que eu trouxe - sim, eu continuo com essa mania -, ela só tocou quatro músicas - "Warsaw" do Joy Division, "Helter Skelter" dos Beatles, "Should I Stay Or Should I Go" do Clash e "Lounge Act" do Nirvana). Ele gosta de pós-punk e indie rock, e tocou "Isolation" e "Passover" do JD, "A Perfect Kiss", "Blue Monday" e "Bizarre Love Triangle" do New Order e "Boys Don't Cry" do Cure. Pena que eu não tive a oportunidade de ficar lá por mais tempo, provavelmente ele ou o terceiro DJ da noite tocariam mais pop eletrônico dos anos 80...

4. A estrutura estava bem bacana, com direito a gelo seco, tudo muito decorado, organização da rádio 97 FM, policiamento, etc.

5. Em suma, esse Rock In Sopa não foi tão legal quanto o do ano passado (falei sobre ele lá nos primórdios de Racio Símio, neste post). Esperava mais. Em um festival de rock no qual o DJ é melhor que as bandas em si, é sinal de que alguma coisa está errada.

25 agosto 2006

High fidelity

Daqui a pouco eu vou ouvir Suicide, aproveitando a indicação que o Nick Hornby fez a respeito de tal banda em "31 canções".
Aliás, também irei procurar por outras músicas que ele citou no livro, o qual, por sinal, é muito bom.

Amanhã tem Rock In Sopa. O do ano passado foi o primeiro festival de rock alternativo em que eu fui, e gostei muito. Se essa edição tiver 50% da qualidade da primeira que eu fui, já sairei satisfeito.
Além disso, parece que vai ter discotecagem de rock lá... fiquei bem curioso a respeito disso.

Atualização: Suicide é muito bom. Impressionante o som deles. Assustador, soturno, "perigoso" (segundo Hornby)... adorei. Recomendo "Ghost Rider", "Johnny" e "Frankie Teardrop".