Kaio Felipe:
Kaio é uma pessoa, no mínimo, estranha. Ele é otimista e pessimista ao mesmo tempo. Usa da auto-crítica para expor momentos de desespero e também para fingir que é humilde. O cara é um poço de arrogância e megalomania. Kaio é obcecado por rock. Joy Division, Beatles, The Cure, Velvet Underground, Depeche Mode, New Order, Pink Floyd, My Bloody Valentine e Suicide são algumas de suas bandas favoritas. Ele também é apaixonado por literatura e filosofia, e seus escritores favoritos são George Orwell, Dostoiévski, Nietzsche, Schopenhauer, Rimbaud, Edgar Allan Poe, Álvares de Azevedo e Goethe. O rapaz é obcecado por relacionar canções a momentos de sua vida - "A Forest" é freudiana quando relacionada à desilusão amorosa que ele teve na pré-adolescência. "Metal contra as nuvens" é uma boa lembrança para ele de seus 12, 13 anos de idade. "Isolation" seria um reflexo do Kaio anti-social que foi se construindo com o tempo. E "I am the Walrus" é uma síntese da egomania dele. Ah, outra coisa importantíssima sobre ele - Kaio adora falar em 3ª pessoa...

E-mail: lostforest80@gmail.com

Meu Orkut
Perfil completo

 

 

 

Sejam bem-vindos a uma exibição de atrocidades. Esse é o caminho - basta que vocês entrem.

29 dezembro 2006

Give me coffee and TV, easily

Apesar de terem um público fiel na Inglaterra, o Blur, no resto do mundo, foi e ainda é subestimado perto dos fenômenos comerciais e de crítica Oasis e Radiohead, as duas bandas britânicas surgidas nos anos 90 que ainda acumulam grande prestígio. Isso é tão evidente que a grande maioria dos fãs do Blur em países como o Brasil e os EUA são "indies" e fãs de rock alternativo, ou seja, um público bem reduzido perante o das outras duas.

Claro que isso é uma tremenda injustiça, pois a banda é tão incrível ou até melhor do que os conjuntos liderados, respectivamente, pelos irmãos Gallagher e Thom Yorke. E é isso que eu tentarei mostrar para vocês - comentarei sobre os 7 discos feitos pelo quarteto Damon Albarn (vocal/teclados), Graham Coxon (guitarra), Alex James (baixo) e Dave Rowntree (bateria), a qual surgiu em 1989.



LEISURE
(1991)
O debut do Blur é fortemente influenciado pelo rock dançante com toques de shoegaze que estava no auge no início dos anos 90 na Inglaterra, o qual teve como expressão máxima os Stone Roses.
O disco é um dos mais fracos da banda devido ao fato de que eles ainda estavam construindo sua identidade musical; no entanto, há alguns bons destaques, como "Sing", "She's So High", "Come Together" e, principalmente, a vibrante "There's No Other Way".

MODERN LIFE IS RUBBISH (1993)
Após dois anos bem tumultuados, o conjunto resolve dar uma guinada musical, fazendo letras recheadas de críticas sociais e melodias pop e criativas (com misturas interessantes como combinar metais e guitarra em "Popscene"). Não por acaso, dizem que este foi o primeiro álbum a conter todos os elementos do que viria a ser chamado depois de "o lado inteligente do britpop". Apesar de não ter vendido bem, a crítica o elogiou bastante.

As melhores faixas são os singles "For Tomorrow", "Chemical World", "Popscene" e "Sunday Sunday", além das ótimas "Advert" e "Colin Zeal".

PARKLIFE (1994)
Eis o álbum que, para muitos, é o auge do Blur. As idéias do LP anterior foram aprimoradas, e o resultado é um disco genuinamente inglês e, agora sim, acessível para as massas. Vendeu 2 milhões de cópias e foi considerado o melhor disco de 94 pelo Brit Awards.
O ecleticismo da banda é expresso em cada uma das faixas, como na dance music "Girls & Boys", o 'pop perfeito' de "End Of A Century", o rock inteligente de "Parklife", a ironia à britânica de "Tracy Jacks", o romantismo de "To The End", a psicodelia de "Far Out" e até o hardcore de "Bank Holiday".

THE GREAT ESCAPE (1995)
Apesar de estar no mesmo nível de genialidade de (What's The Story) Morning Glory?, do Oasis (aliás, 95 foi o ano do auge do britpop graças à rivalidade entre as duas bandas), não foi um sucesso mundial, resumindo seu ótimo desempenho nas vendas ao Reino Unido. O single "Country House" até conseguiu ganhar da "Roll With It" dos Gallagher nas paradas, mas não impediu a 'virada' dos mesmos.
The Great Escape tem ótimas músicas que merecem ser ouvidas, como "The Universal", "Charmless Man", "Best Days", "Stereotypes", a própria "Country House" e, claro, a deliciosamente grudenta "It Could Be You".

BLUR (1997)
Após vários problemas internos que quase resultaram no fim da banda, o Blur resolve reformular completamente a sua sonoridade, e acabam 'cometendo' o que, na minha opinião, é o melhor trabalho deles; há uma mescla de muitos estilos, desde indie rock até trip-hop.
Os melhores momentos são a fantástica "Beetlebum", as empolgantes "On Your Own" e "Movin' On", as melancólicas "Country Sad Ballad Man" (minha atual favorita do Blur) e "You're So Great" (primeira canção composta e cantada por Coxon) e, claro, dois petardos barulhentos e viciantes, e que expressam a influência do rock alternativo americano no 'novo Blur' - "Chinese Bombs" e o maior hit do conjunto até hoje, "Song 2" (aliás, a música do 'wo-hoo' foi parar até na trilha sonora de FIFA 98, permitindo que pessoas como eu conhecessem a banda).

13 (1999)
O fim do namoro entre Justine Frischmann (que era líder do Elastica) e Damon Albarn influenciou completamente 13, que é, sem dúvidas, o disco mais deprê deles. O experimentalismo iniciado no CD anterior foi continuado, dessa vez com uma tendência para a eletrônica (prova disso é que quem produziu o disco é William Orbit, que já havia trabalhado no Ray of Light de Madonna) combinada com o pop rock típico do Blur. O resultado é um disco denso e que dividiu opiniões.
Temos aqui, como destaques, a distorcida "Bugman", a divertida "B.L.U.R.E.M.I.", a bela "Tender", a interessante "Trimm Trabb", a triste "No Distance Left To Run" e a melhor do álbum, "Coffee & TV" (de autoria do Graham).

THINK TANK (2003)
Após 13, a banda resolveu tirar umas férias - houve uma coletânea em 2000 (The Best of Blur, que compila 17 clássicos da banda e tem como bonus track "Music Is My Radar"; aliás, para quem ainda não conhece a banda, este Best Of é uma ótima pedida) e vários projetos paralelos (Coxon estava lançando um disco solo a cada dois anos, e Damon fez muito sucesso em 2001 com a banda virtual Gorillaz), mas o clima na banda não estava nada bom entre o vocalista e o guitarrista (sim, 'diferenças musicais' e 'disputas de ego'), o que acabou resultado na saída de Graham Coxon do Blur, fato que abalou bastante os fãs.
Think Tank, portanto, valoriza bastante outros instrumentos, em especial teclados e baixo. O DJ Fatboy Slim foi até convidado para produzir duas faixas, sendo uma delas "Crazy Beat", perfeita para as pistas. Outros bons momentos desse trabalho (que está longe de ser o melhor do conjunto, mas nem por isso deixa de ser bacana) são "Ambulance", "Out Of Time", "Good Song" e "Moroccan Peoples Revolutionary Bowls Club".

A banda pretende lançar o seu oitavo CD no ano que vem, mas ainda há muita especulação e poucas confirmações sobre como será o novo disco. Cogita-se até a volta de Graham, pedida pela grande maioria dos fãs. Resta a nós aguardar.

28 dezembro 2006

Da Funk of Daft Punk

Considerada uma das melhores bandas de dance music ou techno ou house ou, enfim, música eletrônica dos últimos anos, tanto por crítica (olha eu aqui!) quanto por público (vocês), o Daft Punk é uma das coisas mais interessantes e criativas que já apareceu no mundo da eletrônica desde, hum, Kraftwerk (os papais de tudo) e New Order (os filhos mais velhos que deram senso melódico e 'danceability'). Sem exageros.
A banda honra a tradição dos 'technistas' e 'housistas' de lançar discos com uma grande distância temporal. No caso do DP, é de 4 anos - Homework (97), Discovery (01) e Human After All (05). Claro que é um saco ter que esperar tanto tempo por novos trabalhos, mas se tratando de material de tamanha qualidade, é até justificável. Além do mais, isso possibilita o surgimento de novas gerações de fãs. Eu ainda não sei em qual delas eu estou - eu curtia bastante os videoclipes deles que assistia em 2001-02, mas não chegava a ser um fã. Nesse ano de 2006, no entanto, resolvi começar a ouvir mais dance music, e, obviamente, o Daft Punk seria um dos primeiros da lista de 'bandas para baixar'. E não me arrependi - viciei-me rapidamente pelo som deles, que entraram no meu top 50 do last.fm com uma rapidez espantosa.
Vamos agora fazer uma breve análise de cada um dos três álbuns da banda:

HOMEWORK (Janeiro/1997)
Um debut impressionante. É o "futuro do presente", afinal, já na metade dos anos 90 o duo francês foi pioneiro em uma sonoridade que iria ser 'mainstream' na década seguinte. O LCD Soundsystem não diz "Daft Punk is playing in my house" por acaso, a influência de Homework na música eletrônica (pós) moderna é inegável, devido à sua interessante mistura de house, techno, electro e até acid house.
A melhor faixa do disco (e o single que estourou a banda nas paradas européias) é "Da Funk", mas há vários outros destaques, como o hit "Around The World", as ótimas "Teachers" e "Revolution 909" e outras coisas bem legais como "Alive", "Burnin'" e "Phoenix". Na minha opinião, este é o melhor dos 3 trabalhos do Daft Punk.

DISCOVERY (Março/2001)
A banda dá uma guinada enorme na sua sonoridade, e se aproxima do synth pop. O resultado é o CD mais acessível e comercial deles, que vendeu mais de 4 milhões de cópias no mundo inteiro e chegou ao segundo lugar dos tops de álbuns na Inglaterra. Portanto, esse é o "presente", pois contém músicas com as quais as massas do ano 2001 se identificaram.
É nesse álbum que está a 'trilogia' "One More Time" (maior hit da banda até hoje, foi sucesso até aqui no Brasil), "Aerodynamic" (destaque para o solo de 'guitarra') e "Digital Love" (talvez a melodia mais bela que eles já fizeram). Também se sobressaem "Harder, Better, Faster, Stronger", "Something About Us", "Short Circuit" e "Face to Face". Ah, procure pelo filme de animação "Interstella 5555: The 5tory of the 5ecret 5tar 5ystem" pra contextualizar com algumas faixas do Discovery.

HUMAN AFTER ALL (Março/2005)
Gravado em apenas 6 semanas, é o álbum deles que mais dividiu opiniões. Não agradou tanto a crítica (eu!) como Homework ou o público (vocês!) como Discovery, mas não deixa de ser um ótimo trabalho, sendo, dos 3, o "futuro do pretérito", com várias referências ao estilo do Kraftwerk na sonoridade, um futurismo que pode soar (intencionalmente) não-futurista e datado, além das vestimentas que parecem saídas de um 'filme de ficção científica do século 20 sobre como seria o século 21'.
Algumas faixas são bem estranhas, como "The Prime Time Of Your Life" e "The Brainwasher", mas Human After All tem quatro petardos dançantes que são à prova de qualquer comentário mal humorado sobre ele (por exemplo, o de que é um disco repetitivo): "Robot Rock", "Technologic" (que conta com um dos clipes mais bacanas do Daft Punk), "Television Rules The Nation" e a faixa-título.

Para encerrar a matéria, duas últimas dicas - se quiser uma compilação do melhor do trabalho deles, recomendo a coletânea MUSIQUE VOL. 1 (1993-2005), que é um CD que compila todos os singles da banda e vem como bônus um DVD com vários clipes. Imperdível.
Outra coisa - na internet há vasto material sobre o filme que eles divulgaram no Festival de Cannes, "Daft Punk's Electroma". Os (sortudos) que já assistiram garantem que ficou sensacional.

02 dezembro 2006

Don't roll with it

Sobre a coletânea nova do Oasis - eu achei a tracklist injusta.
Poxa, disco duplo, mas só 9 músicas de cada lado?
E o pior, NENHUMA faixa do Be Here Now? Cadê Stand By Me, All Around The World, D'You Know What I Mean e Don't Go Away, só citando os 4 singles (todos eles tendo entrado no top 5 das paradas britânicas)?
Também senti a falta de outros clássicos de outros álbuns, como Married With Children, Roll With It, Stop Crying Your Heart Out, Little By Little e Let There Be Love.
Parece que foi o Noel que escolheu as 18 faixas. O próprio Liam reclamou da ausência do Be Here Now. E com razão. Ele pode até não ser o melhor álbum da banda, até porque Definitely Maybe e (What's The Story) Morning Glory? são difíceis de serem superados, mas mesmo assim, é um disco muito bom, recheado de clássicos, apesar de ter sido muito menosprezado em 1997 pela crítica.
Acho que Stop The Clocks privilegia demais o Oasis de 94 e 95 (fase representada por 14 músicas) e ignora a história da banda de 96 pra frente (apenas 4). Compensa muito mais comprar os 2 primeiros álbuns da banda mais o Masterplan, sai só um pouco mais caro (em torno de 58) que a coletânea, que vai custar uns 41 reais.

disco I: 1. Rock 'N' Roll Star, 2. Some Might Say, 3. Talk Tonight, 4. Lyla, 5. The Importance Of Being Idle, 6. Wonderwall, 7. Slide Away, 8. Cigarettes & Alcohol, 9. The Masterplan.
disco II: 1. Live Forever, 2. Acquiesce, 3. Supersonic, 4. Half The World Away, 5. Go Let It Out, 6. Songbird, 7. Morning Glory, 8. Champagne Supernova, 9. Don't Look Back In Anger.

Rivalidades à parte, mas o Best Of do Blur ficou bem melhor que o do Oasis. Mesmo tendo "perdido" a batalha com a banda dos irmãos Gallagher, eles souberam escolher bem melhor as músicas de sua antologia:
1. Beetlebum, 2. Song 2, 3. There's No Other Way, 4. The Universal, 5. Coffee & TV, 6. Parklife, 7. End Of A Century, 8. No Distance Left To Run, 9. Tender, 10. Coffee & TV, 11. Charmless Man, 12. She's So High, 13. Country House, 14. To The End, 15. On Your Own, 16. This Is A Low, 17. For Tomorrow, 18. Music Is My Radar.

Não que The Best Of Blur não tenha cometido injustiças. Pelo contrário, cometeu algumas. Do debut Leisure, Sing poderia ter entrado (quem já assistiu a Trainspotting sabe o que eu estou falando). Modern Life Is Rubbish só foi representado por For Tomorrow, que, de fato, é a melhor do álbum, mas eu não me incomodaria se Chemical World, Sunday Sunday ou Advert também marcassem presença.
Parklife foi representado maciçamente (5 faixas), mas eu tiraria To The End para colocar Tracy Jacks. The Great Escape, bem, It Could Be You (minha favorita do Blur) é uma que eu adoraria ouvir na coletânea. Best Days, uma das melhores baladas do Blur, também ficaria legal. Do Blur (1997), senti falta de M.O.R., Country Sad Ballad Man e Chinese Bombs. E 13 ficou de bom tamanho, as três escolhidas são realmente as mais cool dele.
The Best Of é de 2000, mas se fosse feita em 2006, acho que, do Think Tank, poderiam entrar alguma dessas três: Ambulance, Out Of Time e Crazy Beat.
Mesmo com todos esses 'poréns', é inegável que o Blur soube selecionar muito bem as 18 faixas. Todos os LPs da banda foram representados, lição para o Oasis, que subestimou a si mesmo.

Nem vou comentar sobre o 18 Singles, do U2, coletânea essa extremamente reducionista e oportunista. Me recuso a comentar a ausência de I Will Follow, Gloria, Seconds, 40, The Unforgettable Fire, Angel Of Harlem, Stay, Bullet The Blue Sky, Even Better Than The Real Thing, Staring At The Sun, All Because Of You e Hold Me, Thrill Me, Kiss Me, Kill Me...