Kaio Felipe:
Kaio é uma pessoa, no mínimo, estranha. Ele é otimista e pessimista ao mesmo tempo. Usa da auto-crítica para expor momentos de desespero e também para fingir que é humilde. O cara é um poço de arrogância e megalomania. Kaio é obcecado por rock. Joy Division, Beatles, The Cure, Velvet Underground, Depeche Mode, New Order, Pink Floyd, My Bloody Valentine e Suicide são algumas de suas bandas favoritas. Ele também é apaixonado por literatura e filosofia, e seus escritores favoritos são George Orwell, Dostoiévski, Nietzsche, Schopenhauer, Rimbaud, Edgar Allan Poe, Álvares de Azevedo e Goethe. O rapaz é obcecado por relacionar canções a momentos de sua vida - "A Forest" é freudiana quando relacionada à desilusão amorosa que ele teve na pré-adolescência. "Metal contra as nuvens" é uma boa lembrança para ele de seus 12, 13 anos de idade. "Isolation" seria um reflexo do Kaio anti-social que foi se construindo com o tempo. E "I am the Walrus" é uma síntese da egomania dele. Ah, outra coisa importantíssima sobre ele - Kaio adora falar em 3ª pessoa...

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Sejam bem-vindos a uma exibição de atrocidades. Esse é o caminho - basta que vocês entrem.

19 setembro 2006

"Seventeen seconds, a measure of life"

Decidi voltar a resenhar discos no blog. Para iniciar a série, Seventeen Seconds, do The Cure.

Lançado em maio de 1980, esse disco foi uma completa ruptura com o tipo de som que a banda fazia. Os singles Killing An Arab, Boys Don't Cry e Jumping Someone Else's Train, além de outras canções do período 1978-1979, como 10:15 Saturday Night e Plastic Passion, poderiam ser rotulados como um punk mais acessível, com músicas de melodias irresistíveis e letras que se alternavam entre o existencialismo e a ingenuidade amorosa.
Seventeen Seconds foi quem rompeu com tudo isso. Mais cuidadosamente produzido (o próprio Robert Smith, em parceria com Mike Hedges, se encarregou disso) e arranjado, ele foi um dos primeiros álbuns do que viria a ser chamada de cena post-punk - no mesmo ano, Siouxsie and the Banshees lançou Kaleidoscope, Bauhaus lançou seu 1º LP e o Joy Division se despediu precocemente com a obra-prima Closer. O Cure, em meio a esse contexto mais sombrio do rock inglês, não fez feio. Aliás, considero este como o melhor álbum do Cure, em meio a outras pérolas como Pornography, The Head On The Door, Disintegration e Wish. Agora, o LP, faixa a faixa:

1. A REFLECTION é uma espécie de introdução, vinheta inicial. 2 minutos de um piano melancólico, acompanhado de alguns riffs de guitarra. Serve como um aviso ao ouvinte - "esqueça Boys Don't Cry e conheça o novo The Cure".

2. PLAY FOR TODAY é um rock que resume bem a aura do disco - letra curta, doída e direta, grande destaque para a bateria, um baixo que conduz a melodia e uma guitarra que desenvolve o clima, o ambiente da música.

3. SECRETS talvez seja a mais introspectiva do álbum. O vocal é tão baixo que quase não dá para ouvir, mas seu aspecto sussurrado combina com a faixa, que tem um ritmo bem monolítico.

4. IN YOUR HOUSE é uma das mais belas. A melodia é muito boa, e a voz de Robert reflete bem a instabilidade emocional pela qual ele passava. Nota-se uma certa influência, mesmo que ligeira, do Joy Division, com a bateria entrando antes de todos os outros instrumentos e também sendo a última a sair.

5. THREE usa e abusa do teclado para montar uma sonoridade sombria e até assustadora. Seu fim repentino encerra também o lado A do LP, ou a primeira metade do CD.

6. THE FINAL SOUND é a mais curta (quase 1 minuto de duração) e estranha de todas. Percebe-se que ela prepara terreno, para o maior petardo do disco...

7. A FOREST, clássico absoluto do The Cure e a minha favorita da banda. A letra é fantástica ao relembrar os pesadelos que Robert tinha com "a garota na floresta" (perdão por essa intervenção, mas eu também tinha sonhos assim, e não foi por acaso que eu passei a adorar a música). O arranjo instrumental é muito soturno, e até dançável (aliás, A Forest, ao lado de Love Will Tear Us Apart, inicia a tendência das "canções sentimentais perfeitas para pistas de dança" que predominou nos anos 80, destacando-se New Order e Depeche Mode). A progressão da música também é interessantíssima, encerrando-se com guitarras raivosas e uma forte linha de baixo. Enfim, tudo nela é perfeito.

8. M, eis outra pela qual eu tenho uma predileção especial. Mais leve que as anteriores, ela também possui notável capacidade de envolver o ouvinte. Destaque para o riff na reta final.

9. AT NIGHT é a mais longa (5 minutos e 55 segundos, apenas um pouco a mais que A Forest) de 17 Seconds. Completamente dark, já que usa e abusa de "recursos estilísticos" como comparar a noite com o sofrimento do eu-lírico. "Listen to the silence at night... someone has to be there".

10. SEVENTEEN SECONDS, a canção que intitula o trabalho, começa lenta e gradual, com uma bateria tímida, seguida dos outros instrumentos. Ela só começa pra valer depois de 1min15sec de duração, e não decepciona. Sua simplicidade e a idéia do silêncio angustiante que ela passa fecham o álbum de uma maneira ímpar.

Após a audição, só há uma conclusão. Na verdade, duas. A primeira é que esse disco é sensacional. E a outra é que você vai apertar o Repeat para ouví-lo novamente, já que ficou viciado nele...

Mais sofismas...

 

 

The Cure é mesmo viciante.

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