Kaio Felipe:
Kaio é uma pessoa, no mínimo, estranha. Ele é otimista e pessimista ao mesmo tempo. Usa da auto-crítica para expor momentos de desespero e também para fingir que é humilde. O cara é um poço de arrogância e megalomania. Kaio é obcecado por rock. Joy Division, Beatles, The Cure, Velvet Underground, Depeche Mode, New Order, Pink Floyd, My Bloody Valentine e Suicide são algumas de suas bandas favoritas. Ele também é apaixonado por literatura e filosofia, e seus escritores favoritos são George Orwell, Dostoiévski, Nietzsche, Schopenhauer, Rimbaud, Edgar Allan Poe, Álvares de Azevedo e Goethe. O rapaz é obcecado por relacionar canções a momentos de sua vida - "A Forest" é freudiana quando relacionada à desilusão amorosa que ele teve na pré-adolescência. "Metal contra as nuvens" é uma boa lembrança para ele de seus 12, 13 anos de idade. "Isolation" seria um reflexo do Kaio anti-social que foi se construindo com o tempo. E "I am the Walrus" é uma síntese da egomania dele. Ah, outra coisa importantíssima sobre ele - Kaio adora falar em 3ª pessoa...

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Sejam bem-vindos a uma exibição de atrocidades. Esse é o caminho - basta que vocês entrem.

05 setembro 2006

"Não sou escravo de ninguém"

Toda banda que se preze tem o seu disco perfeito, a sua obra-prima. Sim, me refiro aos álbuns que conseguem prender o ouvinte durante toda a audição, aqueles que não tem hits, pois todas as músicas são bem acima da média. Me parece que esse é o caso do V. Lançado em 1991, ele é uma contradição ao período entre o finalzinho dos anos 80 e o início dos 90 para o Rock nacional, que passou por uma fase negra, que, entre outros fatos, teve o fim do RPM, a morte de Cazuza e a ascensão de estilos musicais como a lambada e o axé.
A Legião vinha de quatro discos bem-sucedidos, que trouxeram hits como "Será", "Faroeste Caboclo", "Pais e Filhos" e "Tempo Perdido" e o reconhecimento nacional. O trio (que era quarteto até 88, com a saída de Renato Rocha) tinha pouca técnica, mas suas melodias e letras garantiam aos seus trabalhos um alto nível.
O quadro de saúde de Renato Russo era sofrível, e o país estava em plena Era Collor, com direito a confisco de poupança e tudo mais. O conjunto lançou em Dezembro de 1991 o álbum V. A crítica massacrou o disco, taxando-o de melancólico e pouco criativo. O público gostou, mas a perplexidade foi clara, afinal, com a exceção de "O Teatro De Vampiros" e "Vento No Litoral", nenhuma música emplacou.
V tem quase 50 minutos de duração e 10 faixas. Pode parecer pouco, mas não é. Começamos pela faixa 1, "Love Song". Ela cumpre perfeitamente o papel de música de abertura. A sonoridade surpreende, com clima medieval. Mas isso era pouco perto do que estaria por vir - "Metal Contra As Nuvens". 11 minutos e 29 segundos de duração - uma eternidade. Ainda assim, é a obra-prima da Legião, uma mescla de progressivo com post-punk para inglês ver (digo, ouvir). A melodia é incrível, e a letra é impecável. A canção é uma viagem medieval no início, transforma-se em contestação política e agressividade no meio e tem versos esperançosos no fim. Muitos devem se lembrar de que há uma versão desplugada dela no Acústico Mtv. Apesar de não ser melhor que a original, a versão acústica é excelente e também imperdível.
"A Ordem Dos Templários" é instrumental; essa faixa tem uma ambientação soturna muito boa. "A Montanha Mágica" é uma música fenomenal, outro ponto alto do disco. A letra é lisérgica, com referências claras às drogas e uma sonoridade bem psicodélica. São quase oito minutos de deixar qualquer um impressionado. A calmaria vem com "O Teatro Dos Vampiros", mas nem tanto - a letra é politizada, e é considerada por muitos um retrato fiel do governo de Fernando Collor de Mello. Os versos poéticos e o ritmo animado de "Sereníssima" provam que a Legião Urbana soube segurar a barra no Lado B de V.
"Vento No Litoral" é muito melancólica e é uma das mais tristes canções compostas por Renato Russo, com referências ao seu relacionamento com Scott. "O Mundo Anda Complicado" é despretensiosa e otimista, contrastando com o resto do disco, mas nem por isso sendo de qualidade inferior. "L'âge D'or" é um Rock pesado, com versos bem agressivos, como "(...)Já tentei muitas coisas, de heroína a Jesus(...)". Logo em seguida, o trabalho seria encerrado com chave de ouro com "Come Share My Life". Ela é instrumental e curta (2 minutos), e tem um clima meio fúnebre, que, contudo, é perfeito para encerrar um disco de peso como esse.
Depois de tudo isso, fica bem claro que V é o melhor álbum da Legião Urbana, doa a quem doer. É a prova de que Bonfá, Dado e Russo não eram apenas outra banda comercial e pop, mas sim uma das mais respeitáveis bandas de Rock da história do Brasil. O fato de a banda continuar prestigiada até hoje é uma prova do legado da Legião Urbana. Faça um favor a si mesmo e ouça esse disco.

Mais sofismas...

 

 

Hey, de boas intenções o inferno tá cheio!!!

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